Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo:
Eu ouvi o discurso do ex-presidente Lula em Paris, ontem. Lula falou sobre a crise econômica internacional, além de exaltar as conquistas de seu próprio governo.
A crise econômica internacional foi consequência da desregulamentação dos mercados financeiros e os bancos receberam bilhões de dólares e euros em dinheiro público como forma de resgate.
Conforme descrito por Eduardo Febbro na Carta Maior:
Interrompido várias vezes por aplausos, Lula denunciou “a falta de representatividade” dos organismos internacionais e defendeu a criação de mais espaços representativos multilaterais, que aumentem o peso das vozes alternativas em nível internacional. “Precisamos criar instrumentos e mecanismos com mais solidariedade, mais democracia, para que as decisões não estejam subordinadas a quem tem mais dinheiro, mais poder ou uma indústria maior”. O senso de humor e a pertinência do ex-presidente fizeram da jornada final do fórum um momento especial. Lula criticou os banqueiros que gozam de uma impunidade absoluta: “o mais fantástico é que o Lehman Brothers quebra e ninguém vai preso, enquanto o banco recebe os bilhões que os países nunca recebem no mundo”.
No início do discurso, Lula chegou a mencionar um “sociólogo” e empresários não identificados, dizendo que esperavam que ele, Lula, fosse um fracasso no governo, mas que “a história os enganou e eu muito mais”.
Mais para a frente, deu alguns alguns foras diplomáticos, como ao mencionar o Fórum Mundial Social de Porto Alegre como reunião de “xiitas” ou ao dizer que tinha viajado muito, inclusive ao Timor Leste, sem entender o motivo de ter ido até lá. Coisas da descontração de um ex-presidente.
Porém, é importante ouvir o discurso na íntegra para constatar que a absoluta ênfase de Lula foi na crise econômica internacional, suas consequências e soluções.
Ele propôs debates sobre o tema e foi nesse contexto que afirmou:
“Essa crise não é de nenhum de nós individualmente. Essa crise é da responsabilidade de pessoas que nós nem conhecemos. Porque, quando um político é denunciado, a cara dele sai de manhã, de tarde e de noite no jornal. Vocês já viram a cara de algum banqueiro no jornal? Sabe por que não sai? Porque é ele que paga as propagandas dos jornais. Então, não sai nunca”.
O que a Folha fez com a frase?
Retirou a menção de Lula à crise e fez um acréscimo que mudou completamente o sentido da frase (grifo meu):
Sem citar diretamente o depoimento de Valério, ele criticou a imprensa. ”Quando um político é denunciado, a cara dele sai de manhã, de tarde e de noite no jornal. Vocês já viram a cara de algum banqueiro no jornal? Sabe por que não sai? Porque é ele que paga as propagandas nos jornais”, disse.
Pronto, segundo a Folha Lula usou o discurso para rebater depoimento de Marcos Valério e criticar a imprensa brasileira, como em Acusado, Lula ataca imprensa e volta a falar em candidatura.
Uma verdadeira aula sobre como esquentar uma manchete.
Eu ouvi o discurso do ex-presidente Lula em Paris, ontem. Lula falou sobre a crise econômica internacional, além de exaltar as conquistas de seu próprio governo.
A crise econômica internacional foi consequência da desregulamentação dos mercados financeiros e os bancos receberam bilhões de dólares e euros em dinheiro público como forma de resgate.
Conforme descrito por Eduardo Febbro na Carta Maior:
Interrompido várias vezes por aplausos, Lula denunciou “a falta de representatividade” dos organismos internacionais e defendeu a criação de mais espaços representativos multilaterais, que aumentem o peso das vozes alternativas em nível internacional. “Precisamos criar instrumentos e mecanismos com mais solidariedade, mais democracia, para que as decisões não estejam subordinadas a quem tem mais dinheiro, mais poder ou uma indústria maior”. O senso de humor e a pertinência do ex-presidente fizeram da jornada final do fórum um momento especial. Lula criticou os banqueiros que gozam de uma impunidade absoluta: “o mais fantástico é que o Lehman Brothers quebra e ninguém vai preso, enquanto o banco recebe os bilhões que os países nunca recebem no mundo”.
No início do discurso, Lula chegou a mencionar um “sociólogo” e empresários não identificados, dizendo que esperavam que ele, Lula, fosse um fracasso no governo, mas que “a história os enganou e eu muito mais”.
Mais para a frente, deu alguns alguns foras diplomáticos, como ao mencionar o Fórum Mundial Social de Porto Alegre como reunião de “xiitas” ou ao dizer que tinha viajado muito, inclusive ao Timor Leste, sem entender o motivo de ter ido até lá. Coisas da descontração de um ex-presidente.
Porém, é importante ouvir o discurso na íntegra para constatar que a absoluta ênfase de Lula foi na crise econômica internacional, suas consequências e soluções.
Ele propôs debates sobre o tema e foi nesse contexto que afirmou:
“Essa crise não é de nenhum de nós individualmente. Essa crise é da responsabilidade de pessoas que nós nem conhecemos. Porque, quando um político é denunciado, a cara dele sai de manhã, de tarde e de noite no jornal. Vocês já viram a cara de algum banqueiro no jornal? Sabe por que não sai? Porque é ele que paga as propagandas dos jornais. Então, não sai nunca”.
O que a Folha fez com a frase?
Retirou a menção de Lula à crise e fez um acréscimo que mudou completamente o sentido da frase (grifo meu):
Sem citar diretamente o depoimento de Valério, ele criticou a imprensa. ”Quando um político é denunciado, a cara dele sai de manhã, de tarde e de noite no jornal. Vocês já viram a cara de algum banqueiro no jornal? Sabe por que não sai? Porque é ele que paga as propagandas nos jornais”, disse.
Pronto, segundo a Folha Lula usou o discurso para rebater depoimento de Marcos Valério e criticar a imprensa brasileira, como em Acusado, Lula ataca imprensa e volta a falar em candidatura.
Uma verdadeira aula sobre como esquentar uma manchete.