Folha já atira em Haddad

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  • sábado, 15 de dezembro de 2012
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  • Por Altamiro Borges

    Fernando Haddad nem tomou posse na prefeitura da capital paulista e já começa a ser bombardeado. O petista não terá paz durante sua gestão. Ele é visto como um perigo pelo PSDB, que hegemoniza São Paulo há duas décadas. Caso faça uma boa administração, o prefeito alavancará uma candidatura antitucana ao governo estadual em 2014 e ainda reforçará a campanha pela reeleição de Dilma Rousseff. O editorial da Folha de hoje, intitulado “Nada de muito novo”, indica que a artilharia da mídia conservadora será pesada.

    Crítica seletiva da mídia

    “Para quem se apresentou na campanha como ‘homem novo’ que iria revolucionar a administração da cidade, o prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), ficou aquém da expectativa despertada ao montar o secretariado de seu futuro governo... O ponto mais questionável é sem dúvida o excesso de concessões que ele já se dispôs a fazer. Diversos partidos, além das correntes internas do PT, foram contemplados com ao menos uma secretaria, numa manobra que visa assegurar maioria na Câmara Municipal”, ataca o jornal.

    A Folha dá uma de “pura”. Ela já condena as alianças do novo prefeito, mas omite as “questionáveis concessões” dos tucanos em São Paulo, que incluem os demos e outras siglas fisiológicas. O loteamento patrocinado por Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes é tratado como natural; já a tentativa de garantir maioria na Câmara Municipal, para “aprovar as grandiosas promessas de campanha”, é apresentada como crime. Na prática, a Folha gostaria de implodir a governabilidade do futuro prefeito para inviabilizar a sua gestão.

    Risco de enchentes e tragédias

    A administração da maior capital brasileira não será nada fácil. Há inúmeros gargalos nesta metrópole das injustiças e dos contrastes sociais. É interessante notar que nos últimos dias a mídia demotucana publicou várias matérias sobre o risco das enchentes na cidade. Durante a campanha eleitoral, ela pouco tratou do tema. Desta forma, ela evitou criticar o prefeito Gilberto Kassab, aliado de José Serra, que reduziu os investimentos nas obras de combate às enchentes. Agora, antes da posse de Haddad, ela volta a destacar o tema.

    Segundo mapeamento realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), cerca de meio milhão de paulistanos reside em áreas de risco na capital – ou seja, 5% dos habitantes da cidade não têm a devida proteção contra tragédias causadas pelas chuvas. Na semana passada, o jornal Estadão informou que a prefeitura só gastou 43% do total previsto para ações contra as enchentes em 2012. Foram empenhados apenas R$ 291,3 milhões do total de R$ 678,4 milhões reservados para este fim. Várias obras nem saíram do papel.

    Prova do desprezo pela vida da gestão demotucana na capital é o atraso na manutenção da rede de drenagem. Dos R$ 83 milhões reservados à limpeza das bocas de lobo e bueiros, foram usados apenas R$ 2,9 milhões. Para Julio Cerqueira Cesar, ex-presidente da Agência da Bacia do Alto Tietê, o criminoso atraso já será sentido neste verão. “O sistema de drenagem não suporta o que costuma chover. E se isso acontecer não teremos um verão feliz”. A culpa, evidentemente, será jogada nas costas de Fernando Haddad.
     
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