Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Principal e cada vez mais única voz da oposição que se manifesta e é ouvida, Fernando Henrique Cardoso se antecipou ao PSDB e lançou a candidatura de Aécio Neves para a eleição presidencial de 2014, mas admitiu que o partido ainda não sabe que rumo tomar para definir um discurso de campanha.
Em entrevista a Fernando Rodrigues publicada nesta segunda-feira na Folha, o ex-presidente evitou ataques a Lula, ao PT e ao governo Dilma, que têm sido a única bandeira da oposição nos últimos tempos, e sugeriu ao PSDB promover, primeiro, "o que na esquerda costuma-se dizer ‘fazer a autocrítica’".
FHC criticou, por exemplo, o discurso conservador em temas morais e religiosos empregado pelo PSDB nas eleições de 2010 e 2012, sem citar o nome do candidato José Serra: "Em termos de comportamento e de valores morais, o PSDB tem que se manter progressista. Quando não se mantém, não tem o meu apoio. Eu não vou nessa direção".
Este certamente foi o principal motivo para o ex-presidente optar desde já por Aécio, a quem desafiou a "assumir mais publicamente posições".
A dificuldade do ex-presidente em definir estas posições fica clara no papel que reserva tanto a Aécio como a Serra daqui para frente.
Embora admitindo que Serra "pode, de repente, ser candidato", recomenda ao ex-governador paulista, duas vezes derrotado pelo PT em eleições presidenciais, que dedique seu tempo a preencher "um papel grande político e social, escrevendo, pregando, fazendo conferência".
Pregando, no caso, deve ter sido uma ironia involuntária. Não é muito diferente, porém, da receita que dá a Aécio: "Falar, fazer conferência, viajar".
"Nossos políticos precisam voltar a tomar partido em bola dividida", pede FHC, mas ele mesmo deu mais conselhos do que fez críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff pelo baixo crescimento da economia previsto para este ano.
"O PIB cresceu pouco por mil razões. O erro, que eu acho que houve, é que o governo se colou ao PIB. Não precisava. Não acho que se deva colar na presidente Dilma a queda do PIB. Ela é que pode se colar nisso. Aí fica mal para ela".
Aos 81 anos, de bem com a vida, uma década depois de ter deixado a Presidência da República, nota-se que FHC voltou a falar novamente mais como sociólogo que analisa a cena política brasileira do que como líder partidário do principal partido de oposição.
Por enquanto, a única coisa já decidida no PSDB para o próximo ano é a contratação de um bom marqueteiro, já que o partido atribui suas maiores dificuldades a falhas na comunicação. Quem sabe, assim, os tucanos consigam descobrir uma nova bandeira capaz de cativar os eleitores. Antes, porém, é preciso definir o que dizer.
Principal e cada vez mais única voz da oposição que se manifesta e é ouvida, Fernando Henrique Cardoso se antecipou ao PSDB e lançou a candidatura de Aécio Neves para a eleição presidencial de 2014, mas admitiu que o partido ainda não sabe que rumo tomar para definir um discurso de campanha.
Em entrevista a Fernando Rodrigues publicada nesta segunda-feira na Folha, o ex-presidente evitou ataques a Lula, ao PT e ao governo Dilma, que têm sido a única bandeira da oposição nos últimos tempos, e sugeriu ao PSDB promover, primeiro, "o que na esquerda costuma-se dizer ‘fazer a autocrítica’".
FHC criticou, por exemplo, o discurso conservador em temas morais e religiosos empregado pelo PSDB nas eleições de 2010 e 2012, sem citar o nome do candidato José Serra: "Em termos de comportamento e de valores morais, o PSDB tem que se manter progressista. Quando não se mantém, não tem o meu apoio. Eu não vou nessa direção".
Este certamente foi o principal motivo para o ex-presidente optar desde já por Aécio, a quem desafiou a "assumir mais publicamente posições".
A dificuldade do ex-presidente em definir estas posições fica clara no papel que reserva tanto a Aécio como a Serra daqui para frente.
Embora admitindo que Serra "pode, de repente, ser candidato", recomenda ao ex-governador paulista, duas vezes derrotado pelo PT em eleições presidenciais, que dedique seu tempo a preencher "um papel grande político e social, escrevendo, pregando, fazendo conferência".
Pregando, no caso, deve ter sido uma ironia involuntária. Não é muito diferente, porém, da receita que dá a Aécio: "Falar, fazer conferência, viajar".
"Nossos políticos precisam voltar a tomar partido em bola dividida", pede FHC, mas ele mesmo deu mais conselhos do que fez críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff pelo baixo crescimento da economia previsto para este ano.
"O PIB cresceu pouco por mil razões. O erro, que eu acho que houve, é que o governo se colou ao PIB. Não precisava. Não acho que se deva colar na presidente Dilma a queda do PIB. Ela é que pode se colar nisso. Aí fica mal para ela".
Aos 81 anos, de bem com a vida, uma década depois de ter deixado a Presidência da República, nota-se que FHC voltou a falar novamente mais como sociólogo que analisa a cena política brasileira do que como líder partidário do principal partido de oposição.
Por enquanto, a única coisa já decidida no PSDB para o próximo ano é a contratação de um bom marqueteiro, já que o partido atribui suas maiores dificuldades a falhas na comunicação. Quem sabe, assim, os tucanos consigam descobrir uma nova bandeira capaz de cativar os eleitores. Antes, porém, é preciso definir o que dizer.