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Indo direto ao assunto, apresentando-se como o ideólogo maior da oposição, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenta juntar os cacos de uma oposição que tem amargado sucessivas derrotas. Essa situação explica, e muito, a postura ofensiva de FHC em seus escritos e entrevistas mais recentes. Agora, o discurso é o de “renovação da oposição”, daí ter lançado Aécio Neves como pré-candidato à presidência do país em 2014.
Importante lembrar que FHC enfrentou duas crises financeiras durante seu governo. Nas duas crises (1997, 1999), o país saiu muito pior do que entrou, com ampliação da dependência externa, técnicos do Fundo Monetário Internacional ditando ordens de fora para dentro, um golpe cambial em janeiro de 1999 e a venda do Brasil ao já citado FMI por US$ 40 bilhões.
Desmemoriado, o ex-presidente afirma que “o PSDB nunca foi um partido que tivesse muito amor pelo mercado”. A história, ao contrário, revela que o PSDB é o mercado sob forma de legenda. Seu governo quase obteve êxito em transformar a orientação econômica neoliberal em política oficial de Estado. Todos os membros de sua equipe econômica hoje são consultores de quem e de onde? Evidente que trabalham para o mercado, sobretudo o financeiro.
Para ele (FHC) o governo Dilma erra em “colar” seu governo ao desempenho do PIB. Na visão elitista desta figura o crescimento não deve mesmo ser parâmetro para algo, pois para as camadas sociais que ele representa, pouco importa o PIB crescer ou não. O capital rentista que ele alçou ao núcleo de seu governo não depende do PIB para se reproduzir.
Já no começo da semana o ex-presidente apelou para sua idade para rebater as afirmações, corretas, do ministro Gilberto Carvalho sobre a corrupção (e seu combate), os governos Lula e Dilma e os anteriores (governo FHC). FHC perdeu a linha, literalmente, ao dizer que apesar de seus 81 anos ainda goza de boa memória. Verdade? O ex-presidente nunca veio a público dizer de fato qual foi o destino das mais de duas centenas de bilhões de dólares arrecadadas durante o processo de privatizações. Nem tampouco foi interpelado sobre o financiamento destas privatizações, o papel do Estado como gerenciador deste crime contra a nação mediado por bancos públicos.
Esse é FHC, denunciador do Estado patrimonialista. Só faltou explicar sobre para quem esse Estado era patrimonialista durante seu governo e o atual. O projeto que FHC representa é o patrimonialismo levado às últimas consequências levado a cabo pelo próprio Estado em prol de interesses nada nobres, nada nacionais, nada populares.
No fim das contas, trata-se de uma luta inglória a de FHC, pela clara falta de projeto e perspectiva de longo alcance capaz de derrotar o campo político conformado pelo atual Governo. Logo, diante de seus impasses – só resta à oposição reescrever a história da forma como lhes convém. Esta é a expressão da oposição sem rumo.