Produtores protestam contra desocupação da Terra Indígena Marãiwatsédé.
Em Alto Boa Vista, empresas do setor alimentício estão com estoque baixo.
Na cidade de Alto Boa vista, a 1.065 quilômetros de Cuiabá, empresas do setor alimentício já operam com estoques baixos. Em outras, os mantimentos não devem durar muito tempo. "Já estão faltando gêneros alimentícios e as prateleiras estão desfalcadas. Verduras, frios e laticínios não há mais. O estoque é reduzido porque as mercadorias estão retidas na barreira. O que era para ser fornecido não foi", disse ao G1, Margout Menez Pereira, gerente geral de um supermecado.
Boa parte das empresas da cidade é atendida por fornecedores oriundos deCuiabá, Várzea Grande, São Paulo, Goiás, ou da própria região. Mas segundo os empresários, além das mercadorias "presas" ao bloqueio, os próprios fornecedores começam a manifestar falta de interesse em atender a região.
"O fornecedor não quer mais mandar [os produtos] por medo de ficar [o transporte] na estrada", relatou o gerente Elber Portugal. Com 65 anos de idade e há 24 residindo em Alto Boa Vista, o representante classifica a situação como algo "que poderia ser evitado".
A série de bloqueios teve início desde que fora iniciada a operação para retirada das famílias do território Marãiwatsédé. O prazo conferido pela Justiça para que deixassem a área de forma voluntária finalizou ainda na quinta-feira (6).
"Hoje ainda tenho também um resto de gás. O feijão, de uma variedade, já acabou. O óleo que tenho é aquele da gôndola. Leite já falta. Vamos trabalhar, mas faltando alguma coisa", descreveu ainda Elber Portugal, ao G1.
A realidade é a mesma na empresa de Wesley Souza Moraes. "Alguns clientes já sentem falta de produto. Farinha, arroz, extrato de tomate, além de verduras não há mais. Nosso estoque não aguenta mais de 12 dias", considerou o empresário.
Confronto
Nesta segunda-feira (10), durante o primeiro dia de desocupação da área, um grupo de produtores rurais e policiais envolveu-se em um confronto. A confusão ocorreu em uma propriedade rural distante a 20 quilômetros da comunidade de Posto da Mata. A associação que representa os produtores rurais apontou para 20 o total de feridos.
Confronto entre produtores e polícia em Marãiwatsede (Foto: Reprodução/TVCA)
Apesar do clima considerado mais "ameno" nesta terça-feira (11), produtores da região continuam acompanhando a ação dos oficiais da Força Nacional de Segurança e das polícias Federal e Rodoviária. De acordo com o governo, os grandes proprietários devem ser os primeiros a deixarem a área de mais de 165 mil hectares. Posteriormente, os pequenos.Ministério Público Federal
Em Cuiabá, nesta segunda-feira (10), a procuradora da República Márcia Brandão Zollinger afirmou que o Ministério Público Federal (MPF) acompanha o cumprimento da desocupação. Ela reafirmou que a decisão é fruto de uma ação movida há anos e que somente uma nova determinação judicial pode interromper a retirada das famílias. "A decisão deve ser cumprida a não ser que exista uma sentença contrária", disse durante encontro com os jornalistas na capital.