Reforço de fiscais e Polícia Militar chegou nesta segunda, 3, ao município. Instituto busca proteger agentes após ação violenta de madeireiros.
Pará - O Ibama enviou mais agentes para a frente da operação “Soberania Nacional” na região de Dom Eliseu, no sudeste do Pará, onde grupos de madeireiros ilegais realizaram neste final de semana ações violentas contra servidores do instituto.Segundo o Ibama, o primeiro grupo de reforço, com fiscais e homens da Polícia Militar do Pará, chegou ao município na madrugada desta segunda-feira (3). Eles foram deslocados de Marabá, distante cerca de 230 km, onde fiscalizavam carvoarias na operação “Saldo Negro”. "O Ibama manterá sua presença na região e promoverá ações ainda mais duras para combater essas práticas criminosas", disse o chefe da Fiscalização do órgão no Pará, Paulo Maués.
Segundo dados do instituto, apenas com a operação Soberania Nacional, iniciada em setembro, o instituto aplicou R$ 44 milhões em multas e embargou sete mil hectares de florestas irregularmente desflorestadas nestes municípios. "Estamos pressionando quem produz de forma ilegal para fora do mercado e, por isso, a reação desesperada", explica Maués. Segundo ele, uma grande operação já está em planejamento para desarticular o setor madeireiro que se envolveu nos ataques contra o Ibama.
Ameaças em Dom Eliseu
Os conflitos começaram na manhã de sábado (1º). Dois caminhões apreendidos pelo Ibama com madeira ilegal foram retidos por cerca de trinta homens, próximo à ponte sobre o rio Bananal, em Dom Eliseu. Segundo o Ibama, o grupo armado não permitiu a saída dos fiscais por cerca de três horas.
Ainda de acordo com o instituto, os líderes da emboscada foram os mesmos que, no domingo (2), organizaram uma manifestação violenta no centro do município. No protesto, incendiaram pneus e ameaçaram por fogo no hotel onde se hospedavam os agentes federais. Os madeireiros queriam que o Ibama se retirasse da região.
O ato começou às 8h do domingo (2) e terminou somente às 13h, após uma reunião entre a coordenadora da operação Soberania Nacional na região, Taíse Ribeiro, e as lideranças locais, na qual as partes acordaram o fim da manifestação, com a promessa de assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta que está em negociação para o setor, envolvendo Ministério Público Federal, Ibama e as secretarias de Meio Ambiente do Pará e de Dom Eliseu.
Agentes denunciam desaparecimento de indígena
Segundo o Ibama, durante fiscalizações a explorações irregulares de madeira na Terra Indígena Alto Rio Guamá, em Nova Esperança do Piriá, a 400 km de Dom Eliseu, dois fiscais e o cacique Valdeci Tembé, guia da operação, também foram alvos de uma emboscada. A ação ocorreu ainda no sábado (1º), às 19h, mas patrocinada por outro grupo de madeireiros irregulares. Desta vez, foram cerca de 150 homens armados.
De acordo com o Ibama, os fiscais rendidos haviam ficado num trecho da estrada, vigiando uma caminhonete quebrada, enquanto um grupo maior, com seis agentes e oito homens do Batalhão de Polícia Ambiental do Pará, entrou na mata para localizar uma exploração ilegal.
Com a chegada dos invasores, o indígena fugiu para a floresta. Segundo o Ibama, os dois agentes ficaram em poder do grupo de madeireiros até domingo. O coordenador da ação, Norberto Neves, negociou a saída em segurança dos funcionários. Nenhum servidor do Ibama ou policial ficou ferido ou sofreu agressão física. O cacique Valdeci Tembé ainda está desaparecido.
Fonte: G1 PA