A IDENTIDADE BRASILEIRA NO EXTERIOR
Por Rubens Barbosa, do “Estadão”
“Respaldado pelo crescimento da economia e pela rápida expansão do mercado doméstico, em consequência da redução das desigualdade e da inclusão de mais de 40 milhões de brasileiros na classe média, o Brasil ganhou inédita projeção externa.
A percepção de que o País surge como a nação líder na América do Sul e um dos principais mercados emergentes apresenta desafios e responsabilidades para a economia e para a política externa que não existiram até o passado recente.
A crescente presença do Brasil para além do seu entorno geográfico e sua influência no cenário internacional suscitam nova preocupação: qual a identidade do Brasil? Qual a marca Brasil? Como o País é percebido no exterior e como gostaríamos de ser vistos pela comunidade internacional? Quais as nossas credenciais e o nosso diferencial para ocuparmos um lugar de destaque na mesa principal?
Roberto DaMatta, o maior antropólogo brasileiro, há quase 20 anos estudou as características da identidade brasileira. O que faz o Brasil, Brasil? define com precisão o sentido denso da realidade do nosso país. Seu trabalho, contudo, está voltado para dentro, para o jeito de ser e de atuar do brasileiro.
Com que credenciais o Brasil se apresenta hoje no cenário in-ternacional e como é visto pelos agentes políticos no exterior?
Não ser uma potência nuclear, nem uma ameaça militar; o peso da economia no contexto global (o Brasil é a sexta economia no mundo); a importância da agricultura e da produção de alimentos; a estabilidade institucional, política e econômica; o relevante papel de-sempenhado pelo Brasil em organizações internacionais; a participação do Brasil em questões regionais além das fronteiras da América do Sul; o mente e a defesa de nossos interesses comerciais e financeiros no exterior. Em muitos casos, têm prevalecido estes em detrimento daqueles.
A nova projeção externa e a crescente presença das empresas brasileiras no exterior vai exigir gradual sofisticação da definição do interesse nacional brasileiro. O exercício do ‘soft power’ implica uma ação integrada de política externa e a definição de áreas prioritárias (América Latina e África), além de ações propositivas nas discussões sobre temas globais nos organismos internacionais.
Levando em consideração os interesses globais do País, sobretudo numa visão de longo prazo, a projeção do Brasil como um país de ‘soft power’ não é suficiente. A política externa, para defender o interesse nacional, deverá contar também com o ‘hard power’, isto é, com crescente poder dissuasório, mediante a modernização de suas Forcas Armadas e o fortalecimento da indústria de defesa nacional.
Em reunião que está sendo realizada esta semana na FIESP, será dada uma contribuição para o exame dessa questão, que tem sido muito pouco discutida até aqui. O encontro sobre o Brasil como uma potência com capacidade de influir por suas atitudes e ações focalizará o que está ocorrendo no exterior por meio de ações concretas nas áreas de cooperação e assistência técnica, financiamentos, assistência humanitária e operações de paz.
Na conclusão da reunião serão identificadas políticas a serem sugeridas ao governo, por meio da Secretaria de Assuntos Estratégicos, que teve a iniciativa de propor esse debate:
Ampliação da coordenação entre o Itamaraty, o Ministério da Agricultura (EMBRAPA, CONAB), os Ministérios da Fazenda, da Ciência e Tecnologia, da Educação e da Cultura para que as ações setoriais sejam vistas como parte de uma política coerente e consequente do governo brasileiro; fortalecimento da Agência Brasileira de Cooperação, com um orçamento que possa responder à decisão política;apoio do setor privado (SESI, SENAI); fortalecimento do Departamento Cultural do Itamaraty para a promoção da música, da literatura, das artes em geral do Brasil, a começar pela América Latina e nos principais países desenvolvidos;criação de “Instituto Brasil”, nos moldes do “Cervantes”, da Espanha, e do “Confúcio”, da China, como resposta à projeção de valores e cultura brasileiros;criação de um Departamento de Diplomacia Pública, para a coordenação da política de divulgação do Brasil no exterior; e melhor aproveitar as oportunidades que se abrem pela participação do Brasil em grupos como o BRICS e a CPLP.”
FONTE: escrito por Rubens Barbosa, do “Estadão”. Transcrito no portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-inedita-projecao-externa-do-brasil). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
Por Rubens Barbosa, do “Estadão”
“Respaldado pelo crescimento da economia e pela rápida expansão do mercado doméstico, em consequência da redução das desigualdade e da inclusão de mais de 40 milhões de brasileiros na classe média, o Brasil ganhou inédita projeção externa.
A percepção de que o País surge como a nação líder na América do Sul e um dos principais mercados emergentes apresenta desafios e responsabilidades para a economia e para a política externa que não existiram até o passado recente.
A crescente presença do Brasil para além do seu entorno geográfico e sua influência no cenário internacional suscitam nova preocupação: qual a identidade do Brasil? Qual a marca Brasil? Como o País é percebido no exterior e como gostaríamos de ser vistos pela comunidade internacional? Quais as nossas credenciais e o nosso diferencial para ocuparmos um lugar de destaque na mesa principal?
Roberto DaMatta, o maior antropólogo brasileiro, há quase 20 anos estudou as características da identidade brasileira. O que faz o Brasil, Brasil? define com precisão o sentido denso da realidade do nosso país. Seu trabalho, contudo, está voltado para dentro, para o jeito de ser e de atuar do brasileiro.
Com que credenciais o Brasil se apresenta hoje no cenário in-ternacional e como é visto pelos agentes políticos no exterior?
Não ser uma potência nuclear, nem uma ameaça militar; o peso da economia no contexto global (o Brasil é a sexta economia no mundo); a importância da agricultura e da produção de alimentos; a estabilidade institucional, política e econômica; o relevante papel de-sempenhado pelo Brasil em organizações internacionais; a participação do Brasil em questões regionais além das fronteiras da América do Sul; o mente e a defesa de nossos interesses comerciais e financeiros no exterior. Em muitos casos, têm prevalecido estes em detrimento daqueles.
A nova projeção externa e a crescente presença das empresas brasileiras no exterior vai exigir gradual sofisticação da definição do interesse nacional brasileiro. O exercício do ‘soft power’ implica uma ação integrada de política externa e a definição de áreas prioritárias (América Latina e África), além de ações propositivas nas discussões sobre temas globais nos organismos internacionais.
Levando em consideração os interesses globais do País, sobretudo numa visão de longo prazo, a projeção do Brasil como um país de ‘soft power’ não é suficiente. A política externa, para defender o interesse nacional, deverá contar também com o ‘hard power’, isto é, com crescente poder dissuasório, mediante a modernização de suas Forcas Armadas e o fortalecimento da indústria de defesa nacional.
Em reunião que está sendo realizada esta semana na FIESP, será dada uma contribuição para o exame dessa questão, que tem sido muito pouco discutida até aqui. O encontro sobre o Brasil como uma potência com capacidade de influir por suas atitudes e ações focalizará o que está ocorrendo no exterior por meio de ações concretas nas áreas de cooperação e assistência técnica, financiamentos, assistência humanitária e operações de paz.
Na conclusão da reunião serão identificadas políticas a serem sugeridas ao governo, por meio da Secretaria de Assuntos Estratégicos, que teve a iniciativa de propor esse debate:
Ampliação da coordenação entre o Itamaraty, o Ministério da Agricultura (EMBRAPA, CONAB), os Ministérios da Fazenda, da Ciência e Tecnologia, da Educação e da Cultura para que as ações setoriais sejam vistas como parte de uma política coerente e consequente do governo brasileiro; fortalecimento da Agência Brasileira de Cooperação, com um orçamento que possa responder à decisão política;apoio do setor privado (SESI, SENAI); fortalecimento do Departamento Cultural do Itamaraty para a promoção da música, da literatura, das artes em geral do Brasil, a começar pela América Latina e nos principais países desenvolvidos;criação de “Instituto Brasil”, nos moldes do “Cervantes”, da Espanha, e do “Confúcio”, da China, como resposta à projeção de valores e cultura brasileiros;criação de um Departamento de Diplomacia Pública, para a coordenação da política de divulgação do Brasil no exterior; e melhor aproveitar as oportunidades que se abrem pela participação do Brasil em grupos como o BRICS e a CPLP.”
FONTE: escrito por Rubens Barbosa, do “Estadão”. Transcrito no portal de Luis Nassif (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-inedita-projecao-externa-do-brasil). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].