Imagens mostram índios feridos e cápsulas de fuzil recolhidas após conflito.
Confronto entre índios e agentes terminou com 1 índio morto e vários feridos.
O vídeo detalha a chegada dos agentes federais que também contaram com a presença de homens da Força Nacional de Segurança. Em uma das cenas dá para ver policiais atirando contra os indígenas. Fotos tiradas na aldeia também mostram vários índios feridos e munição de fuzil acumulada.
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O superintendente da PF em Mato Grosso, César Augusto Martinez, disse que durante a ação, os agentes utilizaram tanto armamento convencional como armas não-letais. Ele informou, durante coletiva à imprensa, que a PF se reuniu no dia anterior da ação com as lideranças da aldeia para negociar a entrada dos agentes na aldeia Teles Pires. No local, eles iriam explodir balsas utilizadas na extração de ouro.No dia da ação, contou Martinez, os agentes federais teriam sido vítimas de uma emboscada. “A reunião durou quatro horas e deixamos claro que os índios não estavam sendo investigados naquele momento. No outro dia quando os policiais chegaram para explodir as balsas foram surpreendidos com mais de 100 índios atirando flechas”, informou.
Ainda de acordo com o superintendente, não é possível afirmar que as cápsulas recolhidas na aldeia saíram das armas dos policiais. Um inquérito instaurado pela própria Polícia Federal investiga, além do conflito, se um delegado que comandou a ação atirou contra o indígena que acabou morto nas águas do Teles Pires.
O mesmo delegado, em depoimento à Polícia Federal, disse que foi perseguido por um indígena e teria disparado. “Ele estava com a água já pelo peito e depois de ser atingido por uma borduna e alvejado por flecha ele disse que foi perseguido por dois índios. Ele efetuou um disparo que pode ou não ser de arma de fogo. Ele não soube precisar. Estamos investigando se o índio que morreu foi alvejado por ele”, relatou o superintendente.
Agentes federais usaram armas convencionais e não-letais em confronto contra índios (Foto: Reprodução/TVCA)
O corpo do indígena foi encontrado um dia depois boiando no rio e teria sido enterrado na cidade de Jacareacanga, no Pará. Assim que for encontrado, o corpo terá que ser exumado.Investigação
A operação Eldorado demandou 10 meses de investigação e abrangeu além de Mato Grosso outros seis estados. A Justiça Federal expediu 28 mandados de prisão e outros 64 de busca e apreensão. Durante as investigações, os agentes federais investigaram a participação de lideranças indígenas no esquema criminoso.
O líder Camaleão Munduruku, da aldeia Teles Pires, aparece em uma escuta autorizada pela Justiça negociando uma autorização para garimpeiros explorarem a área. Segundo a PF, três empresas são suspeitas de repassar dinheiro ao cacique para extrair o ouro.
Barras de ouro apreendidas durante a operação em
MT e outros 6 estados (Foto: Assessoria/PF)
O superintendente afirmou ao G1 que a operação Eldorado, apesar de ter sido interrompida após o conflito, encerrou a primeira fase que se ateve a coibir crimes financeiros e ambientais. Ele classificou a ação na divisa de Mato Grosso com o Pará como positiva porque todas as balsas usadas na extração ilegal de ouro no rio Teles Pires foram explodidas.MT e outros 6 estados (Foto: Assessoria/PF)
Agora, a operação vai entrar na segunda fase quando os crimes de lavagem de dinheiro serão apurados. Nessa fase, os índios serão investigados. Treze índios da aldeia Munduruku, inclusive, vão responder na Justiça pelos crimes de desacato e resistência.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) classificou a ação policial como truculenta. Segundo o conselho, durante a presença dos agentes, a aldeia ficou sitiada. O órgão salientou a disparidade entre o armamento usado pelos policiais com o dos indígenas que estariam com arco e flecha artesanais. “A polícia agiu com excessos, visivelmente, no caráter de execução com tiros na cabeça, no peito. Então visivelmente a gente espera que essa ação seja investigada”, afirmou o coordenador do Cimi em Mato Grosso, Gilberto Vieira.