Por Altamiro Borges
O setor de cartões de crédito era o que mais resistia à política de corte de juros do governo Dilma. A queda de suas taxas só teve início em outubro, quando houve a primeira redução após 33 meses de estabilidade nas cobranças abusivas. Segundo a Anefac, o cartão de crédito era a única das seis linhas pesquisadas pela entidade com juros mensais acima de 10%. A taxa média de empréstimo para as pessoas físicas, por exemplo, recuou pelo oitavo mês consecutivo no mês passado, para 5,5%. Mesmo assim, o setor resistia!
Numa típica peça publicitária, a mídia rentista destacou nesta semana que os juros no cartão de crédito caíram ao seu menor nível dos últimos 17 anos. Segundo levantamento mensal da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), a taxa teve uma redução de quase 10% em outubro na comparação com setembro – para 9,37% ao mês. A mesma mídia que espinafrou a política de corte dos juros do BC e das instituições públicas, agora festeja a “bondade” na queda do roubo nos cartões de crédito. Haja hipocrisia!
A redução dos juros do cartão de crédito deve ser festejada, mas não pode esconder os abusivos lucros do setor. Como argumenta Paulo Solmucci Júnior, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), as próprias empresas que monopolizam as máquinas de cartão de crédito têm lucros criminosos no Brasil. “Redecard e Cielo têm margens de lucro de mais de 45%. Nos EUA, paga-se 1% da compra. Aqui, até 6%. O governo federal tem de intervir no setor”, defende o representante do comércio.