O “pibinho” e o aumento das greves

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  • sexta-feira, 30 de novembro de 2012
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  • Por Altamiro Borges

    O Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicos (Dieese) divulgou nesta semana um balanço das paralisações dos trabalhadores em 2011. Segundo o levantamento, foram 544 greves durante todo o ano passado, o maior número desde 1997 – quando ocorreram 631. Na comparação com 2010, houve um crescimento de 25%. Na avaliação do Dieese, o aumento das greves se deve principalmente ao fraco desempenho da economia no ano passado – do chamado “pibinho”.

    “Em 2010, tivemos crescimento da economia de 7,5%. Já em 2011, o PIB cresceu somente 2,7%”, explica José Silvestre, coordenador de relações sindicais do Dieese. Neste cenário de retração, os empresários endureceram nas negociações coletivas, o que estimulou a revolta dos trabalhadores e os braços cruzados. “Percebemos o mesmo ao comparar as conjunturas econômicas da última década e dos anos 1990, quando as crises eram mais graves”, observa José Silvestre.

    No período de 1990 a 1999, durante os governos Collor e FHC, quando o desemprego, o arrocho e a regressão do trabalho bateram recordes, houve em média 1.030 paralisações ao ano. Já entre 2000 e o ano passado, a média caiu para 395. O “pibinho” de 2011 também influenciou negativamente os resultados das negociações. Caiu o número de reivindicações atendidas integralmente. No setor privado, o número recuou de 30% para 21,6% entre 2010 e o ano passado. No setor público, a retração foi de 13,1% para 9,3%.

    Ainda segundo o Dieese, os funcionários públicos estaduais foram os que mais paralisaram suas atividades: 145 greves, 66,6% a mais do que em 2010 (87). A pesquisa também apontou que as greves duraram mais no setor público do que no privado. Em 2010, nenhuma paralisação no setor privado ultrapassou 60 dias. Já no setor público, 10,8% delas ultrapassaram esse período – 2,7% passaram de 90 dias. Muitos governos estaduais e municipais tratam com total intransigência as demandas dos servidores públicos, que até hoje não tiveram regulamentado o seu direito de negociação coletivo. 
     
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