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O relatório da CPI do Cachoeira corre o risco de não ser votado ou de ser totalmente desfigurado. A gritaria contra o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), é espantosa. Ele já foi rotulado de “louco”, “vingativo”, “charlatão” e de outros adjetivos. A fúria parte de vários cantos. Dos “viúvos de Demóstenes”, travestidos de arautos da ética. Da oposição demotucana, abatida com o pedido de indiciamento do governo Marconi Perillo. E, principalmente, da mídia privada, que não aceita a inclusão do editor da Veja no relatório da CPI.
"História invejável de serviços prestados"
A direção da revista Veja emitiu uma nota lacônica e patética. “Ao pedir o indiciamento do jornalista de Veja Policarpo Júnior, o relator Odair Cunha, do PT de Minas, não conseguiu esconder sua submissão às pressões da ala radical de seu partido que, desde a concepção da CPI, objetivava atingir a credibilidade da imprensa livre por seus profissionais terem tido um papel crucial na revelação do escândalo do "mensalão" - o maior e mais ousado arranjo de corrupção da história oficial brasileira”.
Ainda segundo a nota, o relator da CPI tentou “desqualificar o exemplar e meritório trabalho jornalístico de Policarpo Júnior, diretor da sucursal de Brasília e um dos redatores-chefes da revista Veja, dono de uma história invejável de serviços prestados aos brasileiros”. Quais serviços? A fabricação de “reporcagens” com base em grampos ilegais da quadrilha criminosa? As matérias para beneficiar os “negócios” do mafioso? Afinal, por que o “Caneta”, íntimo de Cachoeira, não pode ser indiciado? O que a famiglia Civita tanto teme?
Folha e Estadão defendem o concorrente
A reação da revista Veja já era esperada. Acuada, ela se torna mais agressiva. O que chama a atenção é a reação do restante da mídia privada. Ela parece ter culpa no cartório. A Folha de hoje, em editorial, bateu duro na “CPI da insensatez”. Ela jura que Policarpo Junior manteve apenas uma relação do “jornalista com sua fonte”. Afirma que ele nem foi ouvido pela CPI, omitido de quem foi a culpa pela sua não convocação. E conclui que o relator tentou servir à ala do ex-presidente Lula, “ávida por fustigar opositores e imprensa”.
No mesma toada, o Estadão também ataca Lula, que impôs a CPI para se “vingar” dos inimigos – o tucano Perillo, o procurador Gurgel e, lógico, a mídia. “A existência do número do telefone de Policarpo na memória do celular do bicheiro bastou para que o jornalista, autor de várias reportagens que desagradaram ao PT, Lula e à cúpula do governo Dilma, passasse a ser réu em potencial... O relatório prova que Cachoeira foi só pretexto. O título correto seria CPI do talião: olho por olho, dente por dente”, conclui o cínico editorial.
Medo da regulação da mídia
Além dos editoriais, vários “calunistas” amestrados já tentam desqualificar o relatório. Eliane Cantanhêde, a da “massa cheirosa” do PSDB, afirma que a CPI virou um “triste pastelão”. Já Ricardo Noblat, o blogueiro preferido da famiglia Marinho, saiu em defesa da famiglia concorrente. “Lula não perdoa a Veja por ter batido forte nos seus dos governos”. Ou seja: o pacto foi firmado para defender a revista Veja e para salvar a máfia midiática de futuras investigações ou de propostas de regulação deste setor estratégico.