Atitude que parece ser típica da PGR (hoje Roberto Gurgel) e do STF
O “MENSALÃO” DOS 79 "EM MINAS"… E O “FAZ-ME RIR” NA BAHIAPor Bob Fernandes, no portal “Terra Magazine”:
“Quando o assunto é corrupção, nunca é demais lembrar dois números impressionantes: os brasileiros devem mais de R$ 1 trilhão em impostos [isto é, dinheiro que deveria ser público, mas foi corruptamente sonegado, apropriado pelo cidadão]. Essa é a dívida inscrita, líquida e certa, de impostos sonegados. Por outro lado, o governo federal, e os Estados, devem R$ 100 bilhões aos cidadãos. Isso em precatórios que são devidos e que não estão sendo pagos.
As surpresas nunca acabam. O jornal “O Estado de S. Paulo” relatou: quando depôs pela primeira vez no Ministério Público, já há anos, Marcos Valério, entregou uma lista com 79 nomes; essa lista de Valério não é de petistas, não diz respeito ao chamado "Mensalão do PT". Essa lista é sobre o chamado "Mensalão do PSDB", de Minas. [Foi escondida pela PGR?]
Numa carta enviada ao jornalista Luis Nassif e por ele publicada – com trechos reproduzidos pelo “Estadão” – o advogado Marcelo Leonardo conta que seu cliente, Valério, entregou uma lista com os nomes de 79 parlamentares e ex-parlamentares. Lista com os valores e os recibos do chamado "Mensalão do PSDB". Fato esse, o dos "79", que, estranhamente, seguia sem os habituais vazamentos no MP [e PGR] e inédito nas manchetes, apesar de existir há tempos.
O advogado de Valério acusa o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza de ter usado dois pesos e duas medidas. Diz ele:
- "No caso (do mensalão mineiro) ele (o procurador) não ofereceu denúncia contra os deputados, ele entendeu que era 'caixa dois' eleitoral e que o crime já 'estava prescrito'.
O mesmo procurador entendeu e encaminhou, de maneira diversa, o caso do [caixa 2 do] PT", constata o advogado Marcelo Leonardo.
Já o ex-procurador Antonio Fernando afirma:
- "Faz tanto tempo que saí de lá (da procuradoria), quase quatro anos, que, sinceramente, não tenho lembrança desse caso específico…" [Procurador esquecidão...].
NA BAHIA
Esses são casos e denúncias nacionais. Vamos a um exemplo municipal de impunidade e de esculhambação. João Henrique é prefeito de Salvador desde 2005. O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) reprovou as contas do prefeito dos anos de 2009 e 2010.
Prefeito João Henrique (Partido Progressista)
O Tribunal de Contas julga, até dia 15 de dezembro agora, as contas de 2011. Pelo que já se sabe e apurou “Terra Magazine”, o caminho é o mesmo: contas reprovadas pela maioria dos conselheiros. O que falta é a Câmara de Vereadores confirmar ou não a rejeição das contas de 2009 e 2010. O que pode deixar João Henrique inelegível; a Justiça ainda não firmou jurisprudência sólida sobre a inexigibilidade em casos como esse, vide as discrepâncias na aplicação da “Ficha Limpa”.
Dos 41 vereadores, a oposição tem 9; mas teria 14 votos seguros pela rejeição das contas. Em pesquisas, restritas às capitais, João Henrique é avaliado como o pior prefeito do Brasil. A Câmara de Vereadores, assim como o Executivo, tem um histórico de, digamos, simbiose com empreiteiros de Salvador. Nos últimos anos, a cidade foi vítima de estupro imobiliário devastador.
Por que os vereadores não rejeitam as contas de João Henrique ou não recusam a rejeição? Dos 41 vereadores, 22 não foram reeleitos. Entre eleitos e não eleitos, muita gente precisa cuidar da vida. É aí que surge o "faz-me rir".
"Faz-me rir" é expressão surgida numa operação da Polícia Federal na Bahia. Flagrado num grampo, alguém pedia ao "doador" – chamemos assim- um "faz-me rir". Pois bem, o blogueiro @ErickIssa, da Rádio Metrópole de Salvador, informa: a votação não anda na Câmara de Vereadores porque ainda não se chegou a um acordo quanto ao "faz-me rir".
Segundo post de Erick, vereadores reclamam abertamente, e não escondem o fulcro do problema.
Tendo como desculpa a necessidade de intervenções urbanas por conta da Copa do Mundo, a Câmara aprovou leis que ampliaram o espaço para o estupro imobiliário. A última dessas leis no apagar das luzes de 2011, às vésperas do réveillon. Foi um escândalo à época e isso, certamente, contribuiu para a renovação de 56% da Câmara. Todo esse esforço e, vejam só, até hoje alguns na Câmara não viram nem cor do "faz-me rir" anterior. Donde, o remancho de agora na questão das contas…”
FONTE: vídeo e texto de Bob Fernandes no portal “Terra Magazine” (http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2012/11/08/o-mensalao-dos-79-em-minas-e-o-faz-me-rir-na-bahia/). [Imagens do google e trechos entre colchetes adicionados por este blog 'democracia&política'].