Me engana que eu gosto...

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  • domingo, 4 de novembro de 2012
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  • Será amnésia? Desinformação? Ou apenas nossa velha conhecida, a vontade que a realidade seja como desejada?

    Quem lê a abundante produção de nossos comentaristas políticos a respeito das eleições municipais recém-concluídas não deve estar entendendo nada. Afinal, tudo que sabíamos sobre elas estava errado?

    Não somos, propriamente, novatos na matéria. Se contarmos as que ocorreram desde a redemocratização, já são 8, cobrindo um período de quase 30 anos. Domingo passado, não era a primeira vez que as fazíamos.

    Somos, portanto, tarimbados o suficiente para esperar mais discernimento na hora de interpretá-las.

    Se há uma coisa que temos obrigação de saber sobre a relação entre a escolha de prefeitos e a de presidente da República é que ela inexiste. Só quem tomou bomba na escola primária da política ignora fato tão básico.

    Parece, no entanto, que nossos analistas se esqueceram disso.

    ____Em primeiro lugar, porque, para a imensa maioria dos eleitores, o voto no prefeito nada tem a ver com o voto na eleição presidencial. Em segundo, porque é ínfima a proporção que escolhe o candidato a presidente "por influência" do prefeito____

    Tanto que quase tudo que vêm publicando versa sobre as consequências das eleições deste ano na definição de quem ocupará o Palácio do Planalto a partir de 2015. Reeditam a teoria do "primeiro capítulo", que assegura que a eleição municipal "antecipa" a presidencial.

    O problema dela é ser errada, com ampla evidência a demonstrá-lo.

    Nenhuma das eleições presidenciais brasileiras modernas foi "antecipável" pelo ocorrido dois anos antes, quando o eleitorado, pensando em uma coisa completamente diferente, procurou identificar os melhores candidatos a prefeito e vereador nas cidades.

    Collor não "tinha" mais que meia dúzia de prefeitos - fora em Alagoas - quando se lançou. Fernando Henrique ganhou e se reelegeu sem precisar de "prefeitama" nenhuma.

    Na eleição de Lula, a vastíssima maioria dos prefeitos estava com Serra, que pilotava uma coligação imensa, congregando todos os partidos mais bem sucedidos na eleição de 2000 - incluindo os três maiores no número de prefeitos, PSDB, PMDB e PFL.

    Na reeleição e com Dilma, a importância do tamanho das "bases municipais" voltou a se mostrar pequena.

    Em que pese o óbvio, a mídia anda cheia de especulações sobre os impactos de 2012 em 2014. Talvez porque nossos comentaristas desejam que existam e modifiquem o cenário mais provável.

    Qual o critério para definir os "grandes vencedores" de 2012? Ter feito mais prefeitos e vereadores, vencido em mais capitais, tido a maior taxa de crescimento, conquistado as prefeituras das capitais mais importantes, se desempenhado melhor em cidades médias, tido a performance mais bem equilibrada nas regiões do país? Ou haver conseguido a melhor combinação disso tudo?

    PSD e PSB, entre os partidos médios, fizeram um bom número de prefeitos. O PSDB venceu em duas capitais do Norte e duas do Nordeste. São do PSB os prefeitos de cinco capitais, do PMDB os de duas, do PT os de quatro. O PTC venceu em uma.

    E daí?

    No plano objetivo, nada. Em primeiro lugar, porque, para a imensa maioria dos eleitores, o voto no prefeito nada tem a ver com o voto na eleição presidencial. Em segundo, porque é ínfima a proporção que escolhe o candidato a presidente "por influência" do prefeito.

    No máximo, a eleição municipal projeta uma imagem de vitória. Como em alguns casos simbólicos - vencer em São Paulo, por exemplo.

    É, talvez, por ter Fernando Haddad vencido na cidade que os analistas da mídia conservadora andam tão ansiosos à cata de qualquer "vencedor" que não seja o PT. - Por Marcos Coimbra - sociólogo e presidente do instituto vox populi» marcoscoimbra.df@dabr.com.br
     
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