Greve geral paralisa a Europa

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  • quinta-feira, 15 de novembro de 2012
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  • Por Altamiro Borges

    A Europa viveu ontem, 14 de novembro, um fato inédito na sua história. Trabalhadores de 23 países do velho continente atenderam ao chamado da Confederação Europeia de Sindicatos (CES) e paralisaram suas atividades. Foi a primeira greve geral unificada contra os pacotes de austeridade impostos na região pela oligarquia financeira. Após as intensas mobilizações juvenis dos últimos anos, como a chamada “revolução dos indignados” na Espanha, o sindicalismo ocupa o papel de protagonista na luta contra a regressão neoliberal na Europa.

    A greve continental obteve maior adesão na Espanha, Portugal e Grécia – os três “primos pobres” da região hoje mais penalizados pela crise capitalista. Em Madri, uma manifestação gigantesca tomou as ruas centrais da capital. A polícia novamente agiu com truculência contra os manifestantes. Também ocorreram greves e passeatas em outras cidades espanholas. Em Portugal, os grevistas voltaram a cercar a sede da Assembleia da República, em Lisboa. Em Atenas, os trabalhadores cruzaram os braços pela terceira vez neste ano.

    Ampliação e radicalização das lutas

    Segundo Judith Kirton, dirigente da Confederação Europeia de Sindicatos, a ação unitária foi uma resposta aos governos neoliberais e à famigerada “troika” – Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia. “As políticas de austeridade estão aumentando as desigualdades e a instabilidade social e não estão resolvendo o problema econômico”, explicou. A greve também foi encarada como o primeiro ensaio de novos protestos continentais, que já estão sendo programados pelo sindicalismo europeu.

    Não há outra saída para os trabalhadores do velho continente. Para conter a acelerada regressão neoliberal, eles precisarão combinar ampliação e radicalização das suas lutas. Do contrário, a ditadura do capital financeiro destruirá o pouco que ainda resta do chamado “estado de bem-estar social”. Os governos dos 27 países da Europa, todos eles fantoches dos banqueiros, não estão dispostos a recuar nos seus pacotes de austeridade. “O plano do governo é a única alternativa”, afirma Luis de Guindos, ministro espanhol da Economia.

    "Os ricos são intocáveis"

    Os serviçais da oligarquia rentista não estão preocupados com a degradação acelerada das condições de vida dos trabalhadores. Eles querem salvar unicamente os lucros dos banqueiros e demais capitalistas, únicos responsáveis pela grave crise econômica. Na semana retrasada, o jornalista Kosta Vaxevanis publicou uma lista de 2000 magnatas gregos, entre eles dirigentes do partido do governo (Nova Democracia), donos de substanciosas contas na Suíça, fruto da evasão fiscal. Ele concluiu: “Os ricos são intocáveis na Grécia”.

    A mesma conclusão serve para os ricaços capitalistas do restante da Europa. Eles querem pagar ainda menos impostos, abocanhar o patrimônio público – via privatizações criminosas – e jogar o ônus da crise nas costas dos trabalhadores – via desemprego, arrocho e regressão dos direitos sociais. Um relatório vazado da “troika” indica que os neoliberais planejam 150 novas medidas de “austeridade” para salvar os lucros das corporações capitalistas na Europa. Por isto cresce o coro nos protestos: “Não devemos, não pagamos!”. 
     
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