Buuuuuu!!!
Ferreira Gullar, que por sua idade, pela obra e passado, merece todo o meu respeito, escreveu artigo neste domingo na Folha de SP - onde escreve regularmente, o que já o qualifica - afirmando que Lula comprou deputados enquanto Presidente e decidindo que a geração de políticos ideológicos acaba com Dilma. Vaticina que após a Presidenta a ideologia política acabará.
A ideologia não acaba. Como literato o honorável Gullar deveria lembrar-se que cada discurso, cada gesto, cada postura corporal denuncia uma ideologia neles contida.
A ideologia não acabou e nem acabará. Seu próprio artigo deste domingo na Folha denota a sua ideologia. Ao escrever que uma nova geração de políticos como Aécio, Cabral, eduardos: Campos e Paes, são a nova geração de políticos "não ideológicos", está mais uma vez sendo o porta-voz de uma nossa velha e conhecida ideologia: a que prega o fim das lutas sociais, dos conflitos entre pobres e ricos, entre poderosos e excluídos, para que tenhamos a ilusão "voltairiana" de Cândido, o Otimista, a de que vivemos no melhor dos mundos, e que a melhor coisa que posso fazer é "cuidar do MEU jardim."
Faz coro com Roberto Freire e com muitos outros que para justificar seu rendição ao neoliberalismo aceitam a tese de que a ideologia acabou.
A ideologia é um conjunto de idéias, ideias são sonhos antes de se tornarem realidade. A ideologia que nos moveu até hoje é como a Fé, é acreditar na realização do impossível. A Fé numa sociedade melhor, com igualdade social continua sendo o sonho de milhões no Mundo de hoje. Sobretudo milhões de jovens, que continuarão realizando o impossível mesmo depois de décadas após a nossa morte. Manterão a memória de Spartacus, de Lutero, da Comuna de Paris, de Rosa de Luxemburgo, das Brigadas Internacionais, de Paris em Maio de 68, de Martin Luther King, Che Guevara e de tantos e tantos outros movimentos e pessoas que lutaram contra o Sistema, por mais justiça e por mais humanidade.
Para experienciar o verso de Fernando Pessoa: "tenho em mim todos os sonhos do mundo.." basta ter o espírito jovem, e para sonhar não importa a idade, porque diz Joel: "...os vossos velhos sonharão".
O grande Ferreira Gullar que já nos deu tanto orgulho e prazer, chega na velhice - ao contrário de Niemeyer - confundindo o fim da sua vida com o Fim do Mundo.
Pode ser que realmente o Mundo tenha acabado para ele desde o dia em que Lula se elegeu, e o PT chegou ao Poder.
Tão trágico quanto um Titanic não se importa de ir a pique desde que leve com ele Lula, acusando-o de ter comprado parlamentares, e de ser o verdadeiro chefe do "mensalão".
E, com todo o bom humor que me caracteriza, com todo respeito - é claro - digo que Gullar além de equivocado é muito feio. Assusta as crianças. kiakiakiá