Blogueiro da Veja dissemina ódio racial ao PT com afirmações inventadas. Isso pode, Dr. Barbosa?

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  • sábado, 24 de novembro de 2012
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  • Deem uma olhada no título desta nota abaixo. Quando eu li, meu sangue ferveu. Entendi que alguém do PT tivesse dito isso.


    Antes de mais nada, ninguém do PT disse isso. Quem escreveu essa coisa aí em cima por conta própria, como está registrado, foi o blogueiro da revista Veja, Reinaldo Azevedo.

    No corpo do texto, Azevedo admite que ninguém do PT disse isso. Dá a entender que é sua "leitura do pensamento" alheio que o levou a essa conclusão.

    O que é isso? Agora vale até inventar acusações dos outros terem "pensamentos" racistas? Tipo: "não disse, mas pensou"! Ainda mais com tamanha virulência? E publicar essas palavras incitando o ódio racial, entre uns e outros?

    Ao que me consta, a liberdade de expressão na Constituição é para as pessoas expressarem seus próprios pensamentos, e não permite a um jornalista inventar pensamentos criminosos na cabeça dos outros, por mera "imaginação" do jornalista.

    No fundo, o texto do blogueiro acaba usando terceiros como bucha-de-canhão, para resultar num texto repleto de impropérios racistas, sem que ninguém tenha feito declarações sequer próximas do que está escrito. E se ninguém fez tais declarações, é o autor que responde pelo que escreveu.

    Acho eu que o portal da revista ultrapassou todos os limites do tolerável em sua guerra política contra um partido.

    O que você acha, amigo leitor? O que acha a Procuradoria dos Direitos do Cidadão do Ministério Público? O que acham os órgãos, inclusive estaduais sob domínio tucano, de defesa da dignidade humana e da igualdade racial?

    Quem tiver estômago e quiser ler a íntegra dessa estrovenga de texto, está no site da Veja (não adianta mudar o texto, porque já copiei na manhã de sábado, 24 de novembro de 2012):

    Vamos comparar o que Reinaldo Azevedo escreveu "que Lula pensa" (segundo a imaginação dele), com as palavras pronunciadas pelo próprio presidente Lula, quando ainda estava na presidência, durante o encontro com os blogueiros no Palácio do Planalto. Ele respondeu uma pergunta sobre os critérios para nomeação de ministros do STF:



    Esse vídeo você nunca verá no subjornalismo panfletário da Veja, nem na Globo, porque desmente tudo o que Azevedos, Jabours, Mervais e outros vem falando e escrevendo durante anos. Porque prova o quanto Lula é estadista e republicano.

    Com certeza, Lula deita e dorme o sono dos justos, com a tranquilidade de quem fez a coisa certa a seu tempo, dentro do possível, independentemente de uma ou outra coisa dar errado no final das contas.

    Não falo pelo PT, nem por ninguém do PT, muito menos pelo presidente Lula; falo como um cidadão, lulista, que repudia esse tipo de texto do blogueiro da Veja porque acaba por disseminar o ódio racial e político. Aliás repudio veemente o uso de pessoas por sua etnia para panfletagens políticas, em assuntos que nada tem a ver com a luta por igualdade racial, principalmente como mero escudo ou bucha-de-canhão. No fundo é instrumentalizar os preconceitos com segundas intenções.

    Para todos nós que defendemos a igualdade racial de verdade, jamais criticamos Joaquim Barbosa por causa de etnia e repudiamos quem critica. As críticas ao julgamento do "mensalão" são as mesmas feitas a outros ministros do STF "brancos". Quanto à etnia, o fato do presidente do STF ser negro só é motivo de orgulho, porque é prova de que o Brasil está mudando na democracia racial, mesmo discordando de boa parte da sentença de Joaquim Barbosa no julgamento. E continuamos lutando para que num futuro próximo isso seja tão rotineiro, que nem precisaremos ter o orgulho de sentir que o Brasil está mudando, porque o Brasil já estará mudado quando Joaquim Barbosa não for uma exceção. Haverá muitos outros ocupando qualquer alta posição, como ele.

    Nossas críticas são às atitudes, não só dele, mas também dos outros ministros do STF, de condenar sem comprovar, de transparecer agir mais como acusador do que como juiz, a ponto do julgamento não pacificar as dúvidas sobre os acontecimentos reais, nem deixar claro a responsabilidade de cada um nos fatos.

    Também é mentira dizer que havia cobrança por submissão politiqueira de ministros do STF nomeados pelo presidente Lula. A cobrança sempre foi por um julgamento justo, equilibrado e independente de pressões externas, sobretudo livre da "faca no pescoço do STF" colocada pela mídia, que já havia pré-condenado e estigmatizado os réus, jogando nas costas de uns, co-autoria inexistente de supostos crimes de outros, dentro do contexto eleitoral radicalizado desde 2006.

    Também, em nome da verdade, é preciso registrar que, mesmo discordando de parte do resultado do julgamento da AP-470, diversos parlamentares, governadores e ministros filiados ao PT prestigiaram a posse do presidente do STF, como todos puderam ver na TV. Joaquim Barbosa foi escolhido para o STF por Lula, pelo seu mérito de ter currículo acadêmico admirável, por suas obras escritas, e pelo seu currículo profissional. Mas, ao contrário do que diz Reinaldo Azevedo, ninguém nega que houve também vontade política de promover igualdade racial no governo Lula. Pelo próprio fato de Barbosa viver mais nos meios acadêmicos e boa parte do tempo no exterior, ele não integrava as listas dos principais nomes candidatos a nomeação na época. Com as mudanças que o Brasil está passando desde 2003, em um futuro próximo, nas listas de candidatos a ministros ao STF haverá tantos juristas negros como brancos, e ninguém precisará se preocupar com a etnia de ninguém.

    Nenhum ministro do STF nomeado por Lula deve favores escusos a ninguém. O que sempre foi e será reclamado de todo ministro do STF é fazer Justiça com independência de pressões, sobretudo da "opinião publicada". Reclama-se apenas o dever de lealdade à Constituição e aos direitos fundamentais assegurados a qualquer cidadão. Reclama-se imparcialidade partidária e o zelo pela soberania do voto popular contra pressões golpistas. Reclama-se a lealdade à verdade dos fatos como eles aconteceram e não como foram noticiados e interpretados na imprensa com objetivos eleitoreiros. Ninguém reclama de condenações provadas. Reclama das que deixam dúvidas em aberto. Não se pode julgar um copo cheio e outro vazio, como se ambos estivessem meio cheios e meio vazios. Nem interpretar um copo meio cheio, meio vazio, como se tivesse transbordando.
     
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