TATUS, CHAFARIZES E GALINHAS

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  • sábado, 6 de outubro de 2012
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  •      Impressiona a ganância com que os interesses privados assaltam a coisa pública. E as consequências que isto pode trazer para quem tenta se opor a este intento.
        Na última quinta-feira um protesto, que se iniciou pacífico contra a instalação, pela Coca-Cola, a partir de autorização do governo Fortunati, de um boneco do mascote da copa no Largo Glênio Peres, que fica ao lado da Prefeitura, acabou em pancadaria, com diversos jovens feridos pela selvageria com que a Brigada Militar rechaçou o protesto, sob a alegação de que os manifestantes, que começaram dançando e cantando em volta do boneco, partiram para a depredação do mesmo. Na confusão, as cordas que seguravam o boneco, que era inflável, se desprenderam e ele caiu. Não se desconhece que manifestações públicas podem dar azo a confusões, com responsabilidades de parte a parte, mas causa espécie a afirmativa dos responsáveis pelo comando da operação policial de que a Brigada "reagiu às provocações". Provocações? Mas desde quando estudantes e professores desarmados oferecem perigo a policiais carregados de equipamentos de repressão? Parece até as justificativas que a ditadura dava quando torturava e matava militantes de esquerda. A bem dizer, a cultura permanece a mesma. Ainda deve ser registrado que a Guarda Municipal também participou de atos de repressão ao protesto, sob a alegação de que os manifestantes queriam "invadir a Prefeitura".


                                                                                                                                 foto de Ramiro Furquim/Sul 21
    A polícia de Tarso e a Guarda de Fortunati deram uma mãozinha para a Coca-Cola


                                                                     foto de Ramiro Furquim/Sul 21
    O resultado foi este

         A mesma Coca-Cola esteve, dias antes, envolvida em outra confusão, desta vez por conta de uns chafarizes estrambóticos que foram instalados no mesmo Largo Glênio Peres, localizado ao lado do Mercado Público. Tais chafarizes, instalados rentes ao piso da praça, sem qualquer demarcação que alerte os passantes de que, a qualquer momento, surgirão do chão jatos d’água, tem causado transtornos à população, encharcando os desavisados que passam pelo local. Sem falar no seu uso criminoso para atrapalhar o comício de encerramento de campanha da  candidatura de Adão Villaverde, do PT, realizado no mesmo local, tradicional espaço de manifestação política da Capital Gaúcha. De repente, durante o comício, os chafarizes começaram a funcionar, molhando dezenas de participantes do evento.
         Aliás, a iniciativa da instalação dos chafarizes malucos faz parta da “revitalização do Largo Glênio Peres”, empreendida pelo governo Fortunati e pela Coca-Cola.

                                                                                                                                               foto Luis Eduardo Achutti
    Aqui, a água brota do chão. Diretamente para cima das pessoas

         A partir do governo Fogaça-Fortunati, avançou o processo de apropriação dos espaços públicos pelos interesses privados. Prova disso são as privatizações do Cais do Porto e do histórico auditório Araújo Vianna, a escassa exigência de contrapartidas para grandes empreendimentos (como no gritante caso de um estádio de futebol que está sendo construído – e não é para a Copa), a distribuição de alvarás para atividades econômicas sem critérios (“Alvará na Hora” – dado precariamente e depois ninguém consegue regularizar a atividade), dentre outras iniciativas análogas.
           No governo de Fogaça (PMDB), que renunciou ao cargo para concorrer ao governo do Estado, a Administração Pública municipal transformou-se num arquipélago de pequenas (algumas nem tanto) ilhas de interesses partidários e pessoais. Secretários e seus grupos passaram a fazer o que quisessem dentro das secretarias, sem que ninguém lhes importunasse. Fortunati, vice de Fogaça, quando assumiu, não fez nada para mudar o cenário. Tal é que, há poucos dias da eleição, estoura um escândalo na Secretaria Municipal de Obras e Viação (SMOV), quando assessores comunitários da pasta (todos CCs) foram gravados trocando asfalto e salsichões assados por votos para o ex-secretário e candidato a vereador, Cássio Trogildo (PTB) e para Fortunati.
         Aliás, o candidato a vice de Fortunati, Sebastião Melo (PMDB), disse, quando Fogaça renunciou e o primeiro assumiu a Prefeitura, que não estava se instalando um novo governo, mas sim a continuidade do governo do PMDB. Tratava-se, segundo Melo, de um “condomínio”, do qual Fortunati era o (e tão-somente) o síndico.
         Assim, o sistema feudal, ao que indicam as pesquisas, continuará na Prefeitura de Porto Alegre, para cuja continuidade também, e grandemente, contribuiu a incompetência da oposição, mas disto falaremos proximamente.
                   Enquanto isso Fortunati, blindado pelo PIGuasga, segue em céu de brigadeiro. Poderá continuar a se dar o luxo de continuar a caçar galinhas no meio da rua.

                                                                                  foto de Adriana Franciosi/Agência RBS

     
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