Saiba quais os mitos e as verdades sobre as eleições

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  • sábado, 6 de outubro de 2012
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  • A campanha municipal de 2012 está sendo considerada surpreendente devido ao surgimento de novas tendências de forças políticas e de voto no país. Outros partidos, que não o PT e PSDB, em disputa, novos personagens, eleitores com um novo perfil, uma campanha feita mais em bairros do que nas regiões centrais e com poucos comícios, além do tempo de televisão, que já não é considerado fundamental para o sucesso da candidatura. Essa percepção de uma eleição cheia de novidades em muito é discutida em função de dois candidatos que disputam importantes prefeituras: Celso Russomano (PRB) em São Paulo e Ratinho Júnior (PSC) em Curitiba.
    No entanto, se levada em conta a disputa nas 26 capitais brasileiras onde há pleito municipal, o quadro apresentado de tendência de voto – registrado pelas pesquisas dos maiores institutos – mostra que a disputa tem pouca mudança, ao menos em relação a 2008. A seguir, confira 6 mitos e fatos sobre o quadro eleitoral deste ano:
    1. Despolarização PT-PSDB - MITO
    Os dois partidos mais fortes do país, que disputaram as últimas três eleições presidenciais, continuam concorrendo com candidaturas próprias em importantes capitais, como São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Fortaleza e Recife. Devem se enfrentar, diretamente, no segundo turno, em João Pessoa (PB) e, com menor possibilidade, em Vitória (ES).
    O PSDB avançou em número de capitais nas quais disputará o segundo turno. Foram quatro em 2008 e pode agora passar a oito. Além de João Pessoa e Vitória, há a possibilidade da participação de tucanos no segundo turno em São Paulo (SP), Recife (PE), Maceió (AL), Manaus (AM), São Luiz (MA) e Teresina (PI). Já para o PT a tendência é que haja uma pequena redução no número de capitais que o partido irá disputar no segundo turno. Foram nove em 2008 e nesta eleição devem ser sete: Cuiabá (MT), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Salvador (BA) e
    Belo Horizonte (MG), além de João Pessoa e Vitória, já citadas.
    Diante deste quadro, é possível dizer que o PT perdeu um pouco de espaço, mas o PSDB se recuperou. Mesmo assim, não é possível falar que ocorreu uma despolarização entre os dois partidos.

    2. Terceira via - FATO
    Fora a tendência de crescimento do PSB, já percebida nas eleições de 2010, o que chama a atenção neste ano é a presença de candidatos de outras legendas consideradas menores, que tendem a ter votações expressivas nas capitais. É o caso do PCdoB em Florianópolis, Manaus e Porto Alegre. O pequeno PSol mostrou ser alternativa em Belém e no Rio de Janeiro. “Uma terceira força neste momento é o PSB, porém ainda não é força e sim promessa de ser uma força. A entrada na disputa de capitais de Ratinho e Russomano devem ser consideradas fenômenos locais de mídia e não de tendência”, diz Malco Camargos, cientista político e professor da PUCMG. O PSB tem chances de vitória em cinco capitais: Belo Horizonte, Cuiabá, Recife, Curitiba e Fortaleza, o mesmo número que disputava em 2008 no segundo turno.
    3. Tempo de tevê não importa mais - MITO


    Em apenas nove das 26 capitais pesquisadas pela reportagem, os tempos de televisão para o horário eleitoral dos primeiros colocados nas pesquisas eram menores do que o tempo do segundo colocado. “Quantidade de tempo na televisão importa para construir boa mensagem, mas não é suficiente. Outros fatores têm de ser colocados, como a avaliação do governo, o carisma e a qualidade da campanha”, diz a cientista política Márcia Dias, professora da PUCRS. Márcia diz que um concorrente com muito tempo pode ter baixo desempenho e um com tempo curto pode passar uma mensagem que convença os eleitores. Ou seja, nunca foi um fator decisivo em eleições, mas também não é algo desprezível. Sobre os casos de Celso Russomano (PRB) em São Paulo e Ratinho Júnior (PSC) em Curitiba, o cientista político Malco Camargos, da PUCMG, diz que não é bem correto dizer que eles não têm tempo de mídia. “Eles vieram da mídia eletrônica e já tinham uma imagem construída na televisão”, observa.
    4. O eleitor consumidor - FATO
    As campanhas de Celso Russomano (PRB) em São Paulo e Ratinho Júnior (PSC) em Curitiba mostraram o sucesso de campanhas que prometem resolver problemas pessoais. Não o grande planejador de toda a cidade, mas um resolvedor de problemas ganhou espaço. O professor de Ética e Filosofia Roberto Romano, da Unicamp, diz que essa estratégia de campanha é bem antiga. “Essa forma é a mais velha, dos tempos das famílias oligárquicas. O que os candidatos têm feito é adaptar a forma tradicional para os meios eletrônicos. É como os coronéis faziam a mediação acionada pelo favor. Como a população vê o Estado não funcionar, esse candidatos atendem a demanda do intermédio de favores”, diz. A cientista política da UFPR Luciana Veiga também faz uma ponderação às afirmações de que a nova classe média, a faixa da população que ascendeu economicamente nos últimos anos, tem feito diferença. “É preciso deixar claro de que classe média estamos falando. Se for a classe média baixa, realmente ainda tem uma forte relação com o Estado, é usuária dos serviços do governo. A diferença é que agora está começando a ter novas oportunidades, podendo pensar em pagar uma natação para o filho.” A intenção mais utilitarista do eleitor também não é recente, segundo Luciana. Ela cita estudos do início da década de 80 que já falavam sobre esse comportamento. “O eleitor quer saber o que o candidato pode fazer por ele e não pela cidade. E por isso há essa corrida bairro a bairro e as citações de propostas por bairro estão sendo intensificadas”, diz.
    5. As campanhas foram para os bairros - FATO


    Ao menos em São Paulo e Curitiba, é possível dizer que os candidatos priorizaram os bairros mais populosos das cidades (zona Leste de São Paulo e zona Sul de Curitiba) em vez de concentrar as campanhas nas regiões centrais. Em Curitiba, as famosas passagens pela Boca Maldita e Feirinha do Largo da Ordem não tiveram importância nesta campanha. Já os moradores do Pinheirinho, CIC, Tatuquara e Sítio Cercado foram bastante prestigiados pelos concorrentes. “Em campanha municipal, o candidato vai mais para o bairro para mostrar que conhece a realidade de perto e, assim, convencer os eleitores. O estilo é a proximidade com o eleitor. Na próxima eleição [para governo e presidência da República], o centro da cidade vai voltar a ser o centro da campanha”, diz Márcia Dias, cientista política da PUCRS.
    6. Campanha sem comícios - FATO
    Em Curitiba, não houve nenhum grande comício realizado no centro da cidade, como em campanhas anteriores. A proibição dos chamados showmícios, com a presença de celebridades, foi em parte responsável por essa falta de grandes atos que marcam a campanha.
    gazeta do povo 
     
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