O impulso para a pesquisa de Watkins partiu dos casos de pessoas que têm aids, mas não desenvolveram a doença, o que acontece com uma em cada 300 pessoas infectadas. Os pesquisadores acreditam que a resposta para essa “imunidade” está nas células T CD8, também conhecidas como células “matadoras”. São elas as encarregadas de eliminar do corpo vírus e outros invasores.
“São células com capacidade citotóxica, isto é, células que podem reconhecer células com alterações, como as células cancerosas ou infectadas com um vírus, por exemplo, e eliminá-las do organismo, matando-as”, explica Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do IOC e uma das integrantes do grupo de Watkins.
A pesquisa utilizou compostos indutores de produção de células T CD8, a partir da vacina contra a febre amarela desenvolvida pelo IOC, que atua como uma plataforma na qual se introduz modificações genéticas que poderão imunizar contra outras doenças.
Os testes foram feitos em dois grupos de macacos Rhesus: um recebeu os compostos e outro não. Depois, todos foram inoculados com o vírus SIV, semelhante ao HIV, que causa aids em macacos, mas não no homem. Os que receberam os indutores de produção da T CD8 apresentaram importante redução na replicação do vírus.
“Nosso estudo aponta um novo caminho possível. É como se na rodovia do estudo de vacinas para a aids estivéssemos fixando uma placa nova”, explica Myrna.
Apesar das boas perspectivas, os pesquisadores evitam falar em uma vacina a curto prazo.