Seria cômico se não fosse verdade...
Passa Sete, no Vale do Rio Pardo, tem como uma das principais vocações a agricultura familiar. É dela que sai o sustento de boa parte dos seus pouco mais de 5 mil habitantes. Foi pensando nisso que a operadora de telefonia Oi instalou uma plantação de nove orelhões em meio a um matagal no município. O local é de difícil acesso, para usar os telefones públicos é preciso enfrentar 200 metros de mato alto, arriscando se machucar ou ser picado por animal peçonhento. A casa mais próxima fica a 300 metros. Quem se arrisca?
A instalação dos orelhões, em local absolutamente inadequado é a forma que a Oi encontrou de cumprir parte das exigências da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Sem consultar ninguém sem ter a autorização da prefeitura do município, a operadora plantou ali, no meio do mato, em terreno da prefeitura, em meio a lavoura de soja, os telefones. Outros dois foram instalado em frente ao cemitério e outros três na calçada de uma loja de roupas, locais que já estavam equipados com outros orelhões.
O pior de tudo, apenas cinco dos vinte telefones públicos existentes na cidade estavam funcionando. Em nenhum deles era possível fazer ligações gratuitas para números com o mesmo DDD conforme havia determinado a Anatel devido a precariedade do serviço oferecido pela operadora em 105 municípios gaúchos.
Este é o resultado das privatizações e da adoção de agências reguladoras inoperantes e praticamente sem representação dos usuários criadas durante os governos FHC no Brasil e Britto no RS. Está na hora de reformular estes conceitos.