Segundo o monitoramento de inserções da Controle da Concorrência, José Serra fechou o primeiro turno na liderança, em propaganda negativa. Foram 666 comerciais contra Fernando Haddad --que, por sua vez, veiculou 337 contra o tucano.O reinício do programa eleitoral, ontem à tarde, trouxe Serra mais uma vez na frente, com ataque vinculando o mensalão a Haddad --que, por sua vez, questionou em tempo menor a renúncia do tucano. As informaçoes são de Nelson de Sá, na Folha
Mais importante: contrariando a sabedoria convencional em marketing, Serra fez ele próprio os ataques. Arriscou ampliar ainda mais sua rejeição, numa evidência de que precisava partir imediatamente para o choque. À noite, acordou e pôs um ator para falar em seu lugar.Na verdade, o ataque já havia começado no dia da eleição, quando o tucano pautou a agenda do início do segundo turno ao destacar, em discurso, o mensalão. Nos dias seguintes, por aliados como Silas Malafaia, pautou também mídia social e púlpitos, com o chamado "kit gay".
Na véspera do horário eleitoral, em entrevistas, reforçou os dois pontos na agenda. Mas há diferenças entre eles: se fala de peito aberto contra o mensalão, Serra evita tratar de "kit gay" na TV ou no rádio. Só o faz indiretamente e por meios de difusão específica, para tentar evitar os danos que o apelo ao preconceito trouxe, dois anos atrás.
Na campanha de 2010, para conquistar fiéis da Assembleia de Deus, Serra falou, em vídeo captado pelo UOL: "... que as igrejas, os seus pregadores, preguem contra práticas homossexuais na sociedade, eles têm pleno direito de fazer isso". Na época, prometeu vetar as leis que criminalizassem a homofobia.
Agora, em operação arriscada de sintonia fina do preconceito, declara ser contra a homofobia e que sua crítica ao "kit gay" é só parte de uma crítica mais geral à gestão de Haddad no Ministério da Educação.
Sua propaganda negativa já trouxe algum resultado, por exemplo, ao conquistar a Assembleia de Deus Brás - Ministério Madureira, que havia apoiado Gabriel Chalita no primeiro turno. Mas Serra corre o risco de virar o fio, como já aconteceu, dois anos atrás, com o aborto.