A utilização de animais - mortos ou não - em experiências é uma prática que vem sendo questionada dentro das maiores universidades. Há quem diga que não devem ser usados sob nenhuma hipótese, mas não sou tão radical ao ponto de achar que estudos científicos devem ser feitos somente com corpos artificiais.
No entanto, as fotos publicadas por uma aluna do terceiro ano do ensino médio do Colégio Luterano Concórdia, instituição particular e pretensamente cristã de Canoas, tem requintes de crueldade. Exibir imagens no Facebook carregando pedaços de gatos, os quais, segundo a assessoria da escola, foram encontrados atropelados e congelados para utilização nas aulas, é no mínimo revoltante e sádico. Tão revoltante que mereceu quatro mil compartilhamentos e outros milhares de comentários contrários a prática na rede social nas últimas 48 horas.
Os protestos levaram a 3ª Delegacia de Polícia a abrir investigação sobre o caso. Segundo Sabrina Deffente, delegada do Cartório Especializado de Crimes contra Animais de Canoas, o laboratório deverá ser fechado. "Não entendo porque fazem isso no colégio se até mesmo em faculdades há métodos alternativos", ponderou a delegada. A criação e utilização de animais para este tipo de experiência é restrita a instituições de ensino superior da área de biomedicina e provavelmente a escola não possui esta licença.
Nota oficial da mantenedora da escola, a Comunidade Evangélica Luterana Cristo informa que utiliza "somente gatos mortos, vítimas de atropelamento, anteriormente encontrados na rua e armazenados em refrigeração " e que "não realiza experiências ou demonstrações com animais vivos". Neste caso, pelo que me conste, a admissão de culpa leva a crer que a Comunidade Luterana descumpre também a legislação por recolher e armazenar animais mortos, tarefas restritas ao serviço de vigilância sanitária existente no município.