Após quebra, EUA passam o bastão da soja para o Brasil

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  • terça-feira, 16 de outubro de 2012
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  • Com a colheita de soja e milho na reta final, a quebra histórica na safra dos Estados Unidos coloca o Brasil como principal fornecedor de soja para o mundo. Por conta de uma exportação menor pela Argentina, que em condições normais seria suprida pelos norte-americanos, a agricultura brasileira também assume a vice-liderança no milho.
    Em 2012 os embarques brasileiros do cereal devem superar 17 milhões de toneladas, com um crescimento de 85% sobre 2011. As vendas externas de soja em grão pelo Brasil devem fechar o ano com crescimento de quase 20%. Para 2013, as projeções apontam para um embarque ainda maior da oleaginosa, próximo de 39 milhões de toneladas.

    Consolidada, a quebra de mais de 100 milhões de toneladas no maior produtor mundial (veja tabela abaixo) beneficia o Brasil, que se firma definitivamente como um dos principais players no mercado internacional de commodities agrícolas. Preocupados com o abastecimento do mercado interno por causa da oferta reduzida, os EUA devem diminuir consideravelmente os seus embarques de grãos no ciclo 2012/13.
    Com a demanda doméstica aquecida (veja na página 3), os norte-americanos devem reduzir em 7% seus embarques de soja e em 26% as suas vendas externas de milho. As exportações da oleaginosa, que começaram o ciclo aceleradas, tendem a perder ritmo a partir de agora. Os embarques do cereal, que no início de outubro ainda corriam 43% atrás dos registros de igual período do ano passado, prometem continuar limitados pela oferta escassa.
    Mais espaço
    Já o Brasil, que até o mês passado havia vendido 9,4 milhões de toneladas de milho ao mercado externo, deve embarcar ao menos outros 8 milhões de toneladas até dezembro (cerca de 2,5 milhões de toneladas mensais), alcançando a inédita marca de 17,5 milhões de toneladas exportadas. O recorde histórico é embalado pela safrinha, que rendeu aos produtores brasileiros mais de 37 milhões de toneladas em 2012, compensando com folga as perdas sofridas no verão e dando ao país condições de ocupar o espaço deixado por seus principais concorrentes, EUA e Argentina, no mercado internacional de milho.
    No caso da soja, as vendas externas brasileiras, que ignoram a quebra de safra e crescem em ritmo alucinante neste ano, devem dar novo salto em 2013, impulsionadas por um aumento de 10% no plantio e um incremento de 11% na produtividade média. Estimativa preliminar da Expedição Safra aponta que os produtores brasileiros devem semear nesta temporada recordes 27,5 milhões de hectares com a oleaginosa e, com clima normal, têm potencial para colher 81 milhões de toneladas do grão. Da produção total, 48% (39 milhões/t) devem seguir para a exportação em 2013. No milho, a safra total (verão e inverno) deve recuar de 72 milhões para 70 milhões de toneladas.
    No verão, o recuo da área tende a ser compensado por uma melhora do rendimento médio das lavouras, enquanto, no inverno, a produtividades mais baixas do que as de 2012 devem ofuscar o aumento do plantio. Na próxima semana, os técnicos e jornalistas da Expedição voltam a pegar a estrada para dar início ao roteiro brasileiro de plantio. Após o percurso, será divulgada uma nova estimativa de área e produção de verão.

    Clima severo
    Seca de mais de dois meses teve impacto aliviado pela água do subsolo, que pode faltar em 2013
    Completamente atípica, a safra norte-americana 2012/13 vai ficar marcada na memória dos produtores. Boa parte das lavouras ficou mais de dois meses sem chuvas. “Antes de começar a colher, estava me preparando para o pior. Mas tive uma agradável surpresa quando coloquei as máquinas no campo. Acho que ainda vou passar os próximos anos me perguntando como conseguimos colher uma safra assim em um ano de clima tão ruim como esse”, diz Doug Frye, de Downs, Iowa. Com quebra de 40% na soja e de apenas 18% no milho, ele se diz satisfeito com o resultado da produção.
    A 100 quilômetros dali, em Madrid, Iowa, Steve Lawler poder ter a resposta para o questionamento de Frye: “Viemos de dois anos bastante úmidos. Então, ainda tínhamos bons níveis de umidade no subsolo. A planta teve que ir fundo para procurar água, mas achou”, explica. Com pouco mais de 20% da produção perdida para a seca, ele afirma que o pior ainda está por vir. “O que me preocupa é o ano que vem. Entrar em uma nova temporada com clima seco é muito pior do que enfrentar estiagem da metade para o final do ciclo”, avalia. (LG)
    113,13 milhões
    de toneladas de milho e soja deixaram de ser colhidas nos Estados Unidos em relação ao potencial das lavouras medido em maio, antes da seca.
    17,5 milhões
    de toneladas de milho devem ser exportadas pelo Brasil neste ano. Até dezembro, a tendência é que sejam embarcadas 8 milhões de toneladas, justamente pela quebra gigantesca na produção do cereal verificada nos Estados Unidos. 


     
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