Alguns obstáculos para o título de mestre

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  • segunda-feira, 15 de outubro de 2012
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  • No último ano da graduação, o universitário já sabe identificar se tem vocação – ou não – para a pesquisa. É algo que vai além do mero domínio da técnica de pesquisar, habilidade obrigatória para a produção de uma monografia. É o gosto pela leitura e pela produção de conhecimento científico. Um curso de mestrado pode garantir muita satisfação a quem se sente atraído por esse universo.
    O título de mestre proporciona prestígio social, um evidente acréscimo de cultura e, muitas vezes, compensações financeiras – especialmente se o objetivo do aluno é seguir a carreira de professor universitário. Entretanto, também há espaço para quem busca um lugar no mercado de trabalho, sem se envolver com docência. Há poucos anos, surgiram os mestrados profissionais com um número de vagas ainda bem menor do que as opções tradicionais.
    Para quem tem vontade de ser mestre, mas não sabe por onde começar, o Vida na Universidade explica quais são as etapas iniciais do processo e dá algumas dicas práticas para ajudar na conquista de uma vaga. Os tópicos a seguir foram elaborados a partir de informações obtidas com as universidades Federal (UFPR), Tecnológica (UTFPR), Católica (PUCPR), Positivo, Tuiuti e as estaduais de Ponta Grossa (UEPG), Londrina (UEL) e Maringá (UEM), além do depoimento de mestrandos.

    Seja pró-ativo
    A lógica burocrática dos mestrados e doutorados é diferente da existente nas graduações. Tudo é muito descentralizado – cada departamento ou programa de mestrado define suas próprias regras. Não há uma prova única para todos os cursos, como ocorre no vestibular. Se a universidade oferece um mestrado em Educação e outro em Direito, por exemplo, cada um lançará seu próprio edital, em geral, independentemente. Como as vagas de mestrado são poucas, a propaganda desses cursos é mais discreta. Diante disso, o estudante deve ser mais pró-ativo e buscar informações com as universidades. Visite com frequência o site do mestrado. É lá que será publicado o edital que estabelece prazos, regras e condições para participar da seleção, data das provas e entrevistas, bibliografia recomendada, professores disponíveis para orientação e outras informações. Alguns programas publicam o edital todos os anos no mesmo mês.
    Currículo Lattes
    Alguns documentos são comuns à maioria dos programas de mestrado, como uma fotocópia autenticada do histórico escolar da graduação. Entre outros fatores, boas notas durante a faculdade influenciam na escolha do candidato. Outra exigência aos inscritos é a necessidade de apresentar um currículo Lattes, que deve ser feito pela Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Toda a experiência do estudante com pesquisa deve constar nesse currículo, como a participação em congressos, a apresentação de trabalhos em semanas acadêmicas ou a publicação de artigos em revistas científicas. Mesmo que o estudante considere que não teve experiências relevantes com pesquisa, a criação de um currículo é obrigatória, já que, se aprovado, o estudante atualizará esse documento no decorrer do mestrado. Caso tenha dúvidas sobre o que é considerado pelos avaliadores, pergunte à secretaria do curso.
    Pré-projeto
    Também chamado de anteprojeto, trata-se de um resumo do que o estudante pretende pesquisar. Na maioria dos programas de mestrado, o estudante deve apresentar o pré-projeto ao se inscrever, mas há casos em que é possível elaborá-lo na fase inicial do curso. Para quem precisa apresentar o resumo na candidatura, é essencial que ele se encaixe em uma das linhas de pesquisa do mestrado – temas trabalhados pelos professores orientadores e que fazem parte do programa do curso. Se o pré-projeto apresentado não está alinhado a essas diretrizes, provavelmente o candidato sairá em desvantagem na disputa por uma vaga. As secretarias dos mestrados também podem auxiliar os candidatos com modelos de pré-projetos. Alguns tópicos cobrados são título, relevância da pesquisa, objetivos gerais e específicos e bibliografia sobre o assunto. O projeto definitivo é construído durante o curso, junto com o professor orientador.
    Prova e idioma
    Todo programa de mestrado aplica uma prova dissertativa como etapa eliminatória do processo seletivo. O conteúdo a ser estudado é anunciado no edital. Normalmente, são recomendados livros que tenham relação com a linha de pesquisa escolhida pelo candidato. As provas costumam ter poucas questões que exigem análise aprofundada de algum tema e a capacidade de relacionar assuntos e autores distintos. O domínio de outro idioma também é levado em consideração pelos avaliadores. Eles partem do princípio de que o estudante é capaz de ler livros em outras línguas, já que, dependendo do tema escolhido, é possível que não haja bibliografia especializada com tradução para o português. Muitos programas incluem na seleção uma prova para medir o domínio do estudante em outras línguas. Não é preciso ser fluente para ser aprovado. O uso de outro idioma durante o curso geralmente é instrumental, ou seja, ler e entender textos em inglês – ou outra língua – é suficiente.
    Entrevista
    Em todos os programas de mestrado consultados, a entrevista só ocorre após a aprovação na prova dissertativa e de idiomas. Nessa fase, cada candidato recebe um horário específico para comparecer diante de alguns professores do programa. A quantidade de entrevistadores varia e nem sempre o professor que o candidato pretende ter como orientador está presente. Esse é o momento em que as condições concretas de o candidato levar o mestrado adiante são avaliadas. São feitas perguntas sobre o tempo disponível para a pesquisa, condições financeiras para arcar com mensalidade (no caso das instituições privadas) ou de se sustentar apenas com o dinheiro de uma bolsa, quando o candidato pleiteia ou já tem uma. Esclarecimentos sobre a ideia apresentada no pré-projeto também são cobrados, portanto, é importante saber explicar oralmente com clareza o que pretende pesquisar e por que.
    Bolsa de estudo
    Nas universidades públicas, os programas de mestrado não são pagos, mas os estudantes são incentivados a se dedicarem com exclusividade à pesquisa, abrindo mão de vínculos empregatícios. Para viabilizar a opção de quem se dedica totalmente ao mestrado, a Capes e o CNPq, ambos ligados ao governo federal, fornecem bolsas de estudo às universidades, que as distribuem por meio de seleções. Atualmente, o valor das bolsas é de R$ 1.350. O CNPq e as fundações estaduais de amparo à pesquisa, como a Fundação Araucária, também oferecem auxílios que podem ser solicitados individualmente. Além dessas opções, há fundações e institutos privados em todo o mundo que concedem bolsas a candidatos que se dedicam a pesquisas na área de interesse dessas instituições. Para quem quer cursar um mestrado em uma instituição privada, grandes redes bancárias oferecem linhas de crédito específicas para o financiamento de cursos de mestrado e doutorado.
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    Aproveitando oportunidades


    Géssica Peniche formou-se em Letras pela PUCPR em 2010, graças a uma bolsa do ProUni. Como foi a melhor aluna de sua turma, ganhou outra bolsa, dessa vez para cursar qualquer mestrado da instituição. Ela transformou um tópico de seu TCC em projeto para o mestrado em Educação e passou a pesquisar a área de formação de professores. A dedicação de Géssica chamou a atenção dos professores e logo surgiu o convite para que ela desse aulas a alunos do ensino técnico. Ela admite que o mestrado tem aberto muitas portas e deixa uma dica para quem está começando: “É importante ler as dissertações já orientadas pelo professor que você pretende ter como orientador porque isso lhe dá uma noção exata da compatibilidade do seu projeto com a linha de pesquisa”.

    Dois anos muito diferentes



    O mestrando em História pela UFPR Rafael de Mesquita Diehl acabou de passar pela banca de qualificação, uma etapa preparatória para a defesa pública da dissertação de mestrado. Prestes a terminar o curso, ele conta que o primeiro ano de mestrado foi muito diferente do segundo. “No começo, nos dedicamos mais a assistir as aulas e fazer os trabalhos pedidos por cada disciplina, geralmente buscando associá-los com algum aspecto do projeto.” É no segundo ano que a dedicação à dissertação passa a ser mais intensa, com reuniões cada vez mais frequentes com o orientador. Diehl, que também é graduado em História pela UFPR, escolheu a área de História Medieval para sua dissertação.
    Gazeta do Povo
     
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