Curioso, é que quando coloquei aqui em fevereiro deste ano que o apoio de Alckmin à candidatura Serra era uma armadilha para sua vingança pessoal, não imaginava que esta campanha refletisse a anterior, de 2008, quase que inteiramente.
Repare no gráfico abaixo, a posição dos candidatos este ano e a de Marta, Alckmin e Kassab há quatro anos. Marta com boa vantagem na frente (como Russomano agora) e Alckmin descendo ladeira abaixo (de 31 para 22), exatamente como Serra agora (de 30 para 21). Kassab crescia constantemente, como Haddad agora.
Olhando mais atentamente a pesquisa daquela época (repito, feita no mesmo período desta) é possível identificar a raiz da opção do presidente Lula por não apoiar Marta. Repare nas simulações do segundo turno dos dias 4 e 5 de setembro de 2008, quando Marta liderava com 18 pontos de vantagem sobre Alckmin:
Se a disputa ocorresse hoje, 47% dos eleitores paulistanos votariam em Marta, percentual idêntico ao dos que dariam seu voto a Geraldo Alckmin, no caso de um confronto entre os dois. Na pesquisa da semana passada, ambos atingiam 46%.
Contra Kassab, Marta teria 50% do total de votos, ante 43% que dariam seu voto ao atual prefeito. Semana passada, a petista obtinha 49% e o democrata, 41%.
A simulação de uma disputa entre Kassab e Alckmin mostra resultado idêntico ao do levantamento anterior: 52% votariam no tucano e 34% optariam pela reeleição do candidato do DEM. [Fonte]
Contra Alckmin, Marta subiria 7 pontos contra 24 do adversário, uma diferença de 17 pontos. Contra Kassab, Marta subiria 10 e Kassab, 25, uma diferença de 15.
Daí a escolha do presidente Lula por um novo nome, um novo candidato, com perfil mais técnico, para ultrapassar o teto de Marta. Daí a escolha de Haddad.
Quando o Datafolha abrir os dados da campanha, vamos fazer mais observações sobre ela. Por enquanto, uma coisa é certa: Serra não vai para o segundo turno, exatamente como aconteceu com Alckmin em 2008. A menos que haja fato grave contra Russomano.