Segredos de Civita, parte 4. Como a reportagem caluniosa encomendada por Serra pode levar o Grupo Abril ao abismo

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  • quinta-feira, 20 de setembro de 2012
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  • Se você não leu as partes I, II e III, clique aqui e confira:
    Ou então, prossiga:

    Ao chegar sem aviso à sala do diretor de Veja em Brasília, Policarpo Júnior, Civita foi surpreendido com a cena insólita de vê-lo sentado na cadeira, com calças e cuecas arriadas até o chão, e um homem quase careca ajoelhado à sua frente, com a cabeça entre suas pernas, numa posição de...

    "Fechei a porta e saí dali. Não queria imaginar o que estaria acontecendo. Ou melhor, não podia. Se o homem ajoelhado fosse quem eu pensava, teria que demitir um de meus mais dedicados colaboradores", disse Civita. Não chegou a declinar o nome, mas pistas que soltou aqui e ali para alguns amigos indicam quem seja.  "Como posso julgar um homem de fidelidade canina, que escreve seus posts na madrugada e passa o dia escrevendo centenas - às vezes, milhares - de comentários forjados no seu blog?".

    Civita se lembrou da cena, quando pensou em procurar Policarpo para tentar uma solução para seu problema com a última edição de Veja. Temia ter passado do limite e receber uma resposta agressiva do governo, logo agora que o grupo Abril se encontra à beira da falência.

    Não foi a Brasília, e Policarpo veio até ele com a solução. Mas, para aplicar a ideia de Policarpo, Civita precisaria utilizar um jornalista que não fosse de Veja nem da Abril, mas tivesse a mesma determinação de caluniar o Nove Dedos. Pensou em O Globo e ligou para Kamel, seu ex-empregado.

    Nota do Blog do Mello: Como estes acontecimentos são recentes, não pudemos confirmar com Civita nem seus amigos e interlocutores se o jornalista escolhido foi o blogueiro de O Globo Ricardo Noblat. Também não consegui falar com Noblat, mas ele não negou nada. E tudo indica que foi ele o escolhido sim, porque Noblat começou a disparar postagens em seu blog e no Twitter utilizando informação que já constava de uma reportagem do mesmo Rodrigo Rangel que editou a dessa última semana, a mando de Serra. Confira:

    Para mostrar que não estava blefando, como já fizera em outras ocasiões, o empresário [Marcos Valério] disse que enviaria às autoridades um vídeo com um depoimento bombástico, gravado por ele em três cópias e escondido em lugares seguros. Seria parte do acordo de delação premiada com os procuradores. Seu arsenal também incluiria mensagens e documentos que provariam suas acusações. [íntegra aqui, em reportagem de 22 de julho, há quase dois meses]

    Não é muito semelhante à história dos quatro vídeos espalhada por Noblat?

    Mas, nosso blog não especula. Trabalhamos apenas com fontes confiáveis, pessoas ligadas ao presidente do Grupo Abril e da revista Veja, Roberto Civita. E o que elas nos contaram, além do que até aqui relatamos, fala também de um pesadelo recorrente de Civita.

    Rainha de Espadas

    O pesadelo com a Rainha de Espadas perturba Roberto Civita desde sempre. Nunca procurou um psicanalista para ajudá-lo a decifrar o mistério por um motivo que diz muito de sua personalidade: "As pessoas pagam para me ouvir falar. É um absurdo que eu tenha de pagar a alguém para que me ouça".

    Por isso, o pesadelo o atormenta, sem que ele consiga decifrá-lo. Sempre surge num momento de crise. E surgiu mais uma vez agora, naquela sexta-feira em que a presidenta Dilma desmarcou sua ida ao seminário para mais de mil empresários que ele patrocinava e o ministro da Fazenda Guido Mantega abandonou a mesa de debates sem justificativa.

    Civita saiu meneando a cabeça, com a sensação de que o chão se abria a seus pés. A reportagem encomendada por Serra ("com aspas, com aspas") acusando o Nove Dedos de chefe do mensalão pode ter sido a gota que faltava para transbordar o ressentimento do governo com a revista e, com a rejeição recorde de Serra em São Paulo, esse poderia ser o mais largo passo do Grupo Abril em direção ao abismo.

    Civita tomou a decisão costumeira: engoliu alguns comprimidos de tranquilizante e pediu ao motorista para dirigir sem destino pela capital paulista. Logo, ele estaria dormindo, como de outras vezes, um sono profundo, sem sonhos, que poderia durar um dia inteiro.

    Surpreendentemente, isso não aconteceu. Ele mais uma vez sonhou que estava num lugar enevoado, sem saber onde e por que estava ali, e era direcionado a uma sala, com uma mesa oval no centro. Nela, uma toalha de renda branca, com vários objetos misturados e espalhados - búzios, baralhos diversos, cordões - até que uma mão - sempre aquela mão -, uma mão de mulher, com muitas pulseiras, jogava à sua frente uma carta. E depois virava a carta e revelava a Rainha de Espadas. Mais uma vez, tomado de intenso pavor diante da carta, Civita acordou. Como das outras vezes em que tinha o pesadelo.

    Com uma diferença. Dessa vez, algo lhe chamou a atenção: o olhar da Rainha de Espadas, que o aterrozara a vida inteira, lhe pareceu, pela primeira vez, subitamente familiar. Conhecia aquele olhar. Mas, de onde?

    Puxou pela memória. Pesquisou. E quando descobriu de quem era o olhar da Rainha de Espadas Civita ficou mais aterrorizado ainda (continua amanhã)

    (O Blog diz que as afirmações foram feitas a diversos interlocutores. Procurado por nossa equipe, que atravessou a Dutra numa Kombi comprada com o Bolsa-Twitter, Civita não foi encontrado, não quis dar entrevista, mas não desmentiu nada. A maior parte desta reportagem foi copiada da própria Veja, trocando apenas os nomes das pessoas para dar veracidade às informações. Tentamos também contacto através de nosso celular. Mas nosso plano Infinity da Tim não permitiu que nenhuma ligação se completasse.Por isso não conseguimos entrevista com Civita, Serra ou FHC, mas, frisamos, nenhum deles desmentiu nada. E, por favor, ministro Paulo Bernardo e Anatel, vamos dar um jeito nessa pouca vergonha das operadoras, ou aumente a nossa Bolsa-Twitter)

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