A "anticampanha" contra Beti Pavin
Posted on sexta-feira, 28 de setembro de 2012 by Editor in
Desde o início da campanha eleitoral deste ano, a principal candidata a prefeita de Colombo têm sido alvo de ações da “anticampanha”, métodos para desconstruir a imagem dos oponentes, como panfletos apócrifos (sem autoria definida), pichações em muros e até ameaças a familiares. A equipe jurídica de Beti Pavin já denunciou ações deste tipo.
A justiça eleitoral já determinou a apreensão de material apócrifo denominado de "Colombo em Foco", bem como pesadas sanções ao seu "proprietário".
Algumas pessoas ligadas a campanha de Beti citam também casos de “pichações e telefonemas ameaçadores” para a casa de parentes da candidata. “Esta é a campanha mais suja da nossa história”, diz uma colaboradora.
Propagandas com críticas são permitidas, desde que respeitem o que diz a lei eleitoral. Os materiais devem ter identificação (CNPJ ou CPF) do responsável, além da quantidade impressa. “Quando cidadãos comuns ou o Ministério Público fazem a denúncia, um procedimento é instaurado e o oficial de justiça vai até o local para verificar”. Se for constatado crime, a investigação passa a ser feita pela Polícia Federal. Só nos casos em que se comprova a autoria do material a Justiça Eleitoral pode interferir no processo.
Especialistas divergem sobre o efeito dos apócrifos
A coordenadora de campanhas eleitorais Cila Schulman diz que as propagandas ofensivas e apócrifas estão “fora de moda”. “Acho que o uso dessas práticas é meio ‘cafona’. Sempre que uma coisa parecida com essa me aconteceu, atrapalhou muito mais meu candidato do que ajudou”, conta. “É como no futebol: se o time faz uma jogada ensaiada, pega os outros de surpresa, faz o gol e ganha o jogo, é legítimo. Mas se o jogador quebra a perna do outro para ganhar, não é.”
O doutor em Ciências Sociais e sociólogo da PUCPR Cezar Bueno de Lima diz que a utilização de panfletos apócrifos está diretamente relacionada à tendência de legitimar o “método politicamente correto de fazer campanhas” — que é reforçado pela legislação eleitoral. “Preocupados em perder espaço para os adversários no horário eleitoral, candidatos e coligações dão mais importância à utilização de estratégias jurídicas para impedir que os adversários os ofendam diretamente”, diz.
Para Cila, os candidatos podem e até devem criticar os adversários, mas deve-se pensar na melhor forma. “Também é função das campanhas mostrar por que não votar no outro, mas existem formas e formas. Se uma denúncia é verdadeira, pode ser dita pelo adversário. Se tem que ser dita de forma apócrifa, provavelmente é mentira. O eleitor sabe e está cansado disso. É desrespeitoso tratar o eleitor como burro, isso atrapalha ainda mais o processo”, opina.
Já o sociólogo Cezar Bueno acredita que a anticampanha continua influenciando o eleitor. “Principalmente os indecisos”, diz. Para ele, a melhor forma de combater a ação do marketing político sobre o eleitor é estimular os debates. “Eles quebram a imagem artificial dos candidatos. Uma sugestão seria a própria lei eleitoral estipular a obrigatoriedade de debate entre os candidatos no horário político. Com isso, a indústria subterrânea dos panfletos apócrifos e pichações perderia sentido e interesse do eleitor.”