O BRASIL EXPLICADO EM GALINHAS!!!! NÃO VAI SOBRAR PEDRA SOBRE PEDRA !!!

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  • quarta-feira, 22 de agosto de 2012
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  • Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e o levaram para a delegacia.

    Delegado – Que vida mansa, heim, vagabundo? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai para a cadeia!
    Ladrão – Não era para mim não. Era para vender.
    Delegado – Pior, venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido. Sem-vergonha!
    Ladrão – Mas eu vendia mais caro.
    Delegado – Mais caro?
    Ladrão – Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas galinhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.
    Delegado – Mas eram as mesmas galinhas, safado.
    Ladrão – Os ovos das minhas eu pintava.
    Delegado – Que grande pilantra… (mas já havia um certo respeito no tom do delegado…)
    Delegado – Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega…
    Ladrão – Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Me comprometi a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiros a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um ovigopólio..
    Delegado – E o que você faz com o lucro do seu negócio?
    Ladrão – Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados e senadores . Dois ou três ministros . Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos para programas de alimentação do governo e superfaturo os preços.
    O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:
    Delegado – Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?
    Ladrão – Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado ilegalmente no exterior.
    Delegado – E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?
    Ladrão – Às vezes. Sabe como é.
    Delegado – Não sei não, excelência. Me explique.
    Ladrão – É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. O risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto realmente um ladrão, e isso é excitante. Como agora fui preso, finalmente vou para a cadeia. É uma experiência nova.
    Delegado – O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.
    Ladrão – Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!
    Delegado – Sim. Mas primário, e com esses antecedentes…

    Luis Fernando Veríssimo.
     
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