Você assinaria um jornal diário de esquerda, que fosse um contraponto aos grandes grupos, ou acha que jornal já era?

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  • segunda-feira, 23 de julho de 2012
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  • Hoje à tarde a jornalista Marinilda Carvalho fez uma postagem no Twitter (reproduzida acima) que veio ao encontro de uma questão que me intriga: Estamos no poder no Brasil, mas não temos um único jornal diário que nos represente, que escreva o mundo sem os óculos da mídia corporativa.

    Sei que tem gente - especialmente os mais jovens e os mais TI - que acha que o jornal de papel já era. Mas eu não sou assim. Adoro jornal, revista, livro. O cheiro e o contato com o papel.

    Acho que ainda existem muitos como eu. Por que não somos atendidos?

    Será que jornalista empreendedor no Brasil é só de direita?

    No início do ano passado, escrevi aqui uma postagem sobre isso. Continuo sem resposta. Se você que me lê tem alguma, manifeste-se.

    Eis o que escrevi:

    Desde que Ana de Holanda virou ministra da Cultura do governo Dilma e mandou retirar o selo do Creative Commons do site do ministério a blogosfera abriu uma guerra contra a ministra. Percebemos ali uma tentativa de retrocesso já no nascedouro, sinalizando que a ministra estava costeando o alambrado (como dizia Leonel Brizola) em direção às teses do Ecad.

    A ministra e o ministério nem deram bola. O Ecad também. Mas bastou O Globo entrar na parada que a questão mudou de rumo. O jornalão, como mostrei aqui, denunciou que um falsário recebeu direitos autorais por trabalhos que não eram seus. Escrevi:

    Enquanto as críticas eram da blogosfera, a ministra tirou de letra. Mas, hoje, O Globo entrou de sola no queijo suíço (provavelmente cheio de contas lá) do escritório de arrecadação...

    Bastou isso para a diretora de Direitos Autorais do Minc começar a dar entrevistas. Até o Ecad falou e trouxe com ele toda uma banda de associações, que agora querem até falar na Comissão de Educação e Cultura da Câmara:

    Na terça-feira - dia seguinte à publicação, pelo GLOBO, de denúncia de fraude em que um suposto autor, Milton Coitinho dos Santos, recebeu R$ 127,8 mil de direitos autorais devidos a outros compositores -, uma comissão formada por ele, Glória Braga, superintendente do Ecad, Jorge Costa, presidente da Sociedade Brasileira de Administração e Proteção dos Direitos Intelectuais, Maria Cecília Garreta, assessora jurídica da Associação Brasileira de Música e Artes, e quatro artistas - Jair Rodrigues, Luiz Vieira, Silvio Cesar e Walter Franco - foi recebida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, em audiência. O encontro, agendado a pedido do Ecad, também contou com a presença dos deputados federais Alessandro Molon e Alice Portugal, da Comissão de Educação e Cultura da casa. [Fonte: O Globo]

    Isso mostra que o poder da blogosfera é relativo. Às vezes conseguimos até vitórias contra os gigantes da "grande imprensa". Este blog mesmo já fez as Organizações Globo mudarem o regulamento do "Eu Repórter", como você pode conferir aqui em Denúncia do Blog do Mello faz Globo recuar.

    Mas são vitórias pontuais. Servimos mais para atrapalhar as passadas dos gigantes, para mostrar que já não podem mais falar o que querem, porque agora podem ouvir o que não querem.

    Por isso eu estou com a professora Marilena Chauí, que numa entrevista à revista Caros Amigos reclamou:

    Lúcia Rodrigues – E no caso das Comunicações?

    M.C. – E aí vem uma coisa que não foi bem sucedida. E eu diria que não foi uma coisa bem sucedida, porque isso é um problema atávico no PT. Desde 1981, não passa um, em encontros, congressos, colóquios, a comunicação. A incapacidade do PT para lidar com a questão da comunicação. O PT foi incapaz de criar um jornal. Muitos de nós ficaram desesperados, porque não foi capaz de criar jornal, de criar rádio, de ter um canal de televisão, de criar formas ágeis de comunicação.

    Só que onde a professora fala PT eu diria esse grupo de esquerda, centro-esquerda, que apoia os governos Lula e Dilma, que luta por desenvolvimento com distribuição de renda, direitos humanos, cidadania.

    Por que conseguimos vencer eleições mas não temos um jornal de caráter nacional com o qual nos identifiquemos? Idem TV, rádio. É um nicho de mercado formidável que não é atendido. Por quê?

    Qualquer pessoa que já tenha participado do núcleo de comunicação de uma campanha política sabe da importância do jornal, da palavra escrita. É como a regra de ouro do jogo do bicho: "Vale o escrito". O povão acredita nisso. No entanto, não temos um jornal.

    Por que se deixou, por exemplo, o Jornal do Brasil morrer?

    A TV do Silvio Santos está aí à deriva. Por que um grupo, de olho nesse nicho (nós) a que me referi, não compra a rede, que tem afiliadas e repetidoras por todo o país?

    Por quê?

     
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