Quando eu era gurizote, ouvia no rádio um programa gauchesco, o
Grande Rodeio Coringa, apresentado por Darcy Fagundes e Dimas Costa. Curtia especialmente os trovadores, gaiteiros que se desafiavam rimando, num esquema engraçado de provocação e resposta, tudo no improviso. Achava quase mágica a capacidade de inventar
no repente rimas cheias de humor e veneno. E ao longo do tempo fui conhecendo os repentistas do resto do Brasil, especialmente os poetas cantadores nordestinos, como os mitológicos Patativa do Assaré e o Cego Aderaldo. Contam que Aderaldo, desacatado por um certo Orestes (que era estrábico) rimou em resposta: "
Oreste, cabra da peste; quando a luz do mundo viu; um olho disse pro outro: vai pra puta que o pariu!" O fato é que até hoje sigo fã de todos eles... Tanto que, em 1995, no contexto da tira do Rango,fiz a homenagem inventando meu próprio cantador: Cantochão, o repentista, que é cego mas enxerga tudo, e comenta as barbaridades em versos. Publico aqui um compacto do personagem (cuja última tirinha é deste mês).
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Primeiras tiras do Cantochão, publicadas em 1995. Nanquim, bico de pena. |
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Sobre o "Escândalo do Detran" no RS. Nanquim, bico de pena. Publicado in jornal Extra Classe ( Porto Alegre/RS, 2008) |
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Nanquim, bico de pena e aquarela. Publicado in jornal Extra Classe ( Porto Alegre/RS, maio 2012) |