Semana passada, após o almoço, fui servido com um cacho de uvas. Enquanto degustava esse verdadeiro néctar dos deuses, fui observando o milagre da natureza, que a cada momento nos mostra que tem que existir realmente um ser superior.
Veja a uva. Foi uma tênue sementinha que, jogada à terra, cresceu, transformou-se numa parreira imensa e floresceu-se em generosos cachos de uma frutinha doce, colorida, especial. Gostosa de se comer ou que pode nos dar doces deliciosos, generoso suco, inebriantes vinhos. Como duvidar da existência de Deus diante dessas pequeninas sutilezas da vida?
Quão milagroso é o caminho dessa singela uva. Ela rompe a terra, enfrenta todas as intempéries da natureza, e se nos apresenta farta.
E chega à nossa mesa, para ser degustada com gosto, uma a uma, estourando em nossa boca, saciando-nos. Ou então ela será amassada, industrializada, transformada em geleia para nosso café da manhã ou naquele suco que refresca nossas tardes ensolaradas.
Aquela uva poderá ter ainda como destino uma vinícola, onde será processada e transformada no mais generoso vinho, complemento ideal para uma boa refeição ou confidente de uma romântica noite ao luar.
Fico imaginando tudo isso ali, diante daquele cacho de uva, obra-prima da mãe-natureza. Uva que um dia foi sementinha plantada pelo homem do campo, cuidada e colhida com muito carinho, transportada por mães calosas, mas gentis, esmagada e, numa misteriosa alquimia, transformada no mais puro vinho.
E um dia, no sagrado espaço do altar de uma igreja, transformado na Eucaristia no sangue de Cristo. Pois disse o Senhor: “Este é o cálice do meu Sangue, do Sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos, para a remissão dos pecados”.
E a uva, que virou vinho, é transformada no Sangue de Cristo, que nos sacia na comunhão com o Pão da Vida.
Uva doce, gostosa, generosa, inebriante, refrescante.
Muita gente olha para ela e vê apenas uma frutinha.
Eu vejo um milagre da natureza e a constatação da existência de Deus.