Apesar da tentativa de veto por parte dos Estados Unidos, Canadá e Alemanha, o Estado palestino foi admitido como membro pleno da Unesco, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura. Dos 173 países que apreciaram o pedido palestino, 107 votaram favoravelmente, entre eles o Brasil. Articulados pelos norte-americanos e por Israel, apenas 14 paises votaram contrários, outros 52, entre eles o Reino Unido, se abstiveram. Com o resultado, a Palestina é o 195º país a integrar a Unesco.
A admissão representa uma vitória sem precedentes e reforça a sinalização da comunidade internacional em favor do reconhecimento da Palestina feita durante a 66ª Assembleia Geral da Onu. Realizada em setembro último, a reunião foi aberta pela presidente Dilma, que em seu discurso lamentou ainda não poder saudar o ingresso dos palestinos como país membro da organização e defendeu o reconhecimento do Estado palestino baseado nas fronteiras de 1967. O Brasil já reconhece a Palestina desde 2010.
Com dificuldades claras para reverter a decisão de inclusão do Estado palestino, os Estados Unidos passaram para a chantagem. A ameaça do governo norte-americano é de cortar financiamentos e promover um bloqueio econômico contra a Unesco. Em outro momento, a ameaça norte-americana poderia surtir efeito considerável. No entanto, numa conjuntura onde o império mergulha junto com a Europa em uma crise sem precedentes e um novo mapa geopolítico está em construção, com China, Índia e Brasil, em pleno crescimento e a frente da luta contra a exclusão social, os reflexos da chantagem serão menores e os norte-americanos deverão caminhar para um isolamento cada vez maior.