Pesquisas eleitorais sempre mostram o comportamento do eleitor num determinado momento. Por isso, sempre devem ser relativizadas, ser um dos elementos de qualquer análise e não a análise propriamente dita. Ainda mais quando ela é feita a mais de um ano antes da eleição. Geralmente, neste cenário, devido a distância de tempo dela com relação ao processo eleitoral, ela é absolutamente inconclusiva. Tese que se comprova ao analisarmos qualquer um dos últimos cenários eleitorais no RS e no Brasil. Nos últimos pleitos, pesquisas realizadas a um ano antes da eleição indicaram o favoritismo de um candidato ou candidata que acabou não se confirmando logo adiante. Há inclusive casos de candidatos ou candidatas aparecerem nestas pesquisas com patamares abaixo de 5% das intenções de voto que acabaram por vencer pleitos eleitorais.
No entanto, arrisco tecer alguns comentários, ainda que preliminares acerca do resultado da pesquisa divulgada no último domingo (11/09) sobre as eleições de Porto Alegre:
1 - Não é possível afirmar que a candidatura melhor colocada na pesquisa é favorita para vencer o pleito. A diferença apontada com relação ao segundo colocado oscila entre 2 e 6 pontos percentuais, quando a margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos.
2 - O segundo colocado é justamente o atual prefeito, o qual, segundo a pesquisa, teria 69% de aprovação dos entrevistados. O mesmo também lidera a intenção de voto espontânea e sua rejeição está abaixo da candidatura melhor colocada.
3 - Os dois primeiros colocados na maioria dos cenários já anunciaram suas candidaturas há tempos, o que, evidentemente, faz com que sejam melhor visualizados pelos entrevistados.
4 - Mesmo não tendo candidatura definida e um processo de debates em curso que considera inclusive a possibilidade de compor aliança com um dos primeiros colocados, o PT aparece muito bem no cenário eleitoral. A ministra Maria do Rosário, que deve continuar no comando da Secretaria de Direitos Humanos do governo Dilma, aparece com 15% das intenções de voto. O ex-prefeito e deputado estadual Raul Pont aparece com 10% e o vereador Adeli Sell com 1%. Na espontânea, nomes do PT somados aparecem com 7%.
5 - Com relação ao PMDB, que também não definiu suas estratégia eleitoral para 2012, o cenário é diferente. Caso tenha candidatura, os nomes colocados não ultrapassam 1% das intenções de voto.
6 - As candidaturas de DEM e PSDB tendem a ser coadjuvantes no processo eleitoral.
7 - 56% dos entrevistados sequer indicaram um candidato ou candidata de sua preferência. Mesmo podendo apontar até nomes alheios ao processo eleitoral.
Diante do cenário colocado, tendo como um dos seus objetos de análise a recente pesquisa, é possível afirmar que é fundamental para o PT apresentar candidatura à Prefeitura de Porto Alegre em 2012. Aparentemente, além da sua militância, parcela significativa da população espera isso do partido. Caso opte por não ter candidatura própria em 2012, o PT correrá o risco de ver diminuir sua bancada no legislativo municipal e de seus espaços nos movimentos sociais e populares. Por consequência acabará por abrir mão de ser protagonista na discussão sobre qual Porto Alegre teremos no futuro, debate que vai muito além do processo eleitoral que se realizará no próximo ano.