A personagem estourou no IBOPE logo no primeiro dia, confirmando o que afirma Mestre Chico Anysio: “Em televisão personagem pega de primeira ou não pega, não é como no teatro onde se tem tempo para consertar uma personagem que não se encontrou ainda.”
O que era pra ser uma personagem pequena, feita por um ator desconhecido do grande público , tomou a novela.
Esculhambou o organograma de escalação e escalões dos atores. Foi inusitado.
Análises e papos internos rolando.
Eu , ingênuo, vendo a vida com bons olhos, nem imaginava. Caminhava sobre cobras e escorpiões e nem percebia.Deus protege as crianças, os bêbados e os ingênuos.
Mas a “conspiração” avançava e eu nem sabia.
Já se falava – pela boca de outros personagens : “Vamos afogar o Bafo de Bode”, “Vamos jogar ele no rio e sumir com o corpo”.
Até que um dos diretores da Novela, a quem tenho dívida de gratidão, numa noite, gravando na praia, numa externa, me chamou a um canto e disse:
-“Bemvindo,você quer continuar nesta novela?”
-“Quero sim.”
- “Então recua, vai pra sombra. Seu sucesso está criando problemas. Já pensam em acabar com a personagem. Recua. Você soube passar por uma Ditadura e sobreviveu. Teve jogo de cintura. Então, vai tirar de letra esse desafio de agora. Recua. Menos. Deixa passar um mês, depois volta brilhando.A novela vai durar um ano, o que é um recuo de um mês? Mas até lá: moita.”
Segui o conselho dele, foi assim que o Bafo de Bode sobreviveu na novela, até que finalmente, o transformaram no “careta” do Possidônio Antunes, descaracterizando de vez a a personagem e cortando as asas dela pouco antes do fim da novela.
Mas o “estrago” na ordem das coisas já estava feito: Bafo de Bode era vitorioso em todo o Brasil. Era irreversível.