Não sou contra a mobilização de qualquer categoria profissional em busca de melhores salários e condições de trabalho. No entanto, os protestos realizados por supostos servidores da segurança tem ultrapassado todos os limites da civilidade.
Primeiro porque há uma clara disposição do governo Tarso em negociar com a categoria e buscar avançar no atendimento das suas reivindicações. Mesmo em meio a uma grave crise estrutural e financeira pela qual passa o Rio Grande do Sul. Creio que as ações promovidas só atrapalham o processo. Aliás, não lembro de ter visto movimentos semelhantes durante governos passados, responsáveis pela crise do estado, pelo arrocho salarial e pela falta de efetivo policial nas ruas.
Segundo porque há uma linha que separa mobilizações e protestos do vandalismo puro e simples. Bonecos, cartazes, faixas, ações criativas e caminhadas promovidas por apoiadores do movimento e familiares são aceitáveis e tem por objetivo chamar a atenção para as reivindicações. Agora, queima de pneus bloqueando rodovias e alarme falso de bombas cheiram a vandalismo e não fazem bem para a imagem da categoria.
Terceiro porque movimento sem direção ou lideranças não é movimento. É impossível realizar qualquer negociação sem a existência de interlocutores que representem os trabalhadores. Neste caso, se os supostos servidores da segurança que estão promovendo tais ações não se sentem representados por suas associações e sindicatos, deveriam apresentar outros interlocutores para promover a negociação em conjunto.
Quarto porque as ações não são coordenadas por servidores da segurança favoráveis ao avanço das negociações. Estes não teriam vergonha ou medo de se identificarem e apresentarem suas reivindicações para um governo que se pauta pelo diálogo. Por trás dos atos vândalos estão setores conservadores preocupados em desgastar a imagem do governo e arredios a mudanças que transforme a estrutura opressora dos movimentos sociais em estrutura promotora de ações de cidadania e inclusão que tenham como perspectiva construir uma nova realidade para os jovens e comunidades reféns do crime organizado.