Ontem comemoramos o centenário de nascimento da atriz Lélia Abramo
A nova geração não a conhece, mas deve a ela a democracia que usufrui hoje.
Atriz do mercado paulista por excelência, atuou em dezenas de peças de teatro e novelas.
Comunista foi expulsa do antigo Partido por sua orientação trotskista.
Atriz talentosíssima nem por isso permitiu que a vaidade a tornasse individualista. Ao contrário, durante toda a sua vida nunca deixou d elutar pela classe trabalhadora , em especial pela categoria dos artistas.
Foi Presidente do Sindicato dos Artistas de SP, e tive o prazer de conviver com ela e fundarmos, ao lado de Vanda Lacerda – Presidente do Rio, eu pela Bahia – a Primeira Confederação Intersindical Brasileira, durante a Ditadura, para abrir caminho aos metalúrgicos fundarem com o Lula à frente a Intersindical Metalúrgica, ambas proibidas na época da repressão.
Guardo até hoje a Ata da Fundação escrita á mão com a caligrafia dela.
Companheira de luta nunca conciliou com a burguesia,e foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores, sigla que abrigou os remanescentes trotskistas da época.
Nunca negou a luta. Até mesmo se preciso o desforço físico. Na reunião de fundação da Intersindical o representante de Minas chegou a levantar uma cadeira para atingi-la, e ela não deixou por menos, avançou sobre ele, antes mesmo que tivéssemos tempo de apartar a briga.
Lélia , como eu, recebeu o Registro Profissional número 01, das fls 01, do Livro 01 da DRT SP por ter participado na elaboração e conquista da Lei que regulamentou a profissão de Artistas e Técnicos.
Vivaz, brincalhona, de um humor cáustico, mas seriíssima no que dizia respeito às causas dos trabalhadores.
Não perdemos Lélia. O Brasil ganhou com a sua vida intensa.
E só temos a honrá-la e à sua memória. E se hoje desfrutamos de uma democracia, ela te seu crédito merecido junto a todos nós.