A Ilha do Governador era o próprio retrato do Brasil nos meses, e primeiros anos, que se seguiram ao golpe militar.
A reação de Direita partia de grupos lacerdistas: Funcionários públicos aposentados que moravam na bucólica ilha onde também habitavam militares de alta patente que estavam comprometidos com o Governo.
Na mesma Ilha morava Agildo Barata, e muitos outros comunistas históricos, todos os sub oficiais, sargentos e cabos da Aeronáutica e do Corpo de Fuzileiros Navais cassados, ao lado dos ministros da Aeronáuttica e da Marinha. Do Comando Naval e Aéreo do País.
Aquele pequeno pedaço de terra cercado de mar era uma caldeirão de contradições políticas.
Eu mesmo muitas vezes escondi-me da repressão na casa de um Brigadeiro da Aeronáutica, de cujo filho era amigo.
Nestes primeiros anos, em que a tortura e os assassinatos não estavam ainda oficializados, em que ainda não eram prática diuturna das forças de repressão, vivia-se intensa disputa emocional entre golpistas e resistentes ao golpe.
Vale lembrar que ainda havia o direito do habeas corpus e a censura não estava de todo estabelecida no País, o AI5 ainda não existia e pensava-se até mesmo na candidatura de Juscelino à Presidência em 1965.