A MINHA PRIMEIRA GUERRILHA

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  • terça-feira, 23 de agosto de 2011
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  • Golpe instalado no Poder,  estávamos atônitos.
    Não sabíamos sequer como reagir, sequer sabíamos de onde podiam vir asa reações aos golpistas.
    Brizola era um farol no Sul com sua Rádio clandestina, montada sobre um caminhão que se movia nos pampas.
    Haviam notícias, boatos de resistência possível: no Nordeste havia a possibilidade das Ligas Camponesas, de Francisco julião; ainda no Nordeste surgia também uma figura mítica que diziam cortar o dedo indicador dos dedo-duros; mas não sabíamos como resistir.
    Eu, então com dezessete  para dezoito anos resolvi que era necessário deflagrar uma luta armada contra os militares. Era preciso um movimento guerrilheiro como o de Cuba para levantar o povo em armas.
    Tinha  eu, e muitos , mas muitos companheiros, a visão romântica e mágica de Sierra Maestra, onde ao pé de uma fogueira e cantando hinos revoucionários .
    Primeiro que tudo era necessário mapear, escolher o local para a guerrilha.
    E lá fomos nós: eu, “Pernambuco”, - um brizolista de primeira, figura da Brizolândia, na Cinelândia  antes do Golpe – e mais dois companheiros de quem não me recordo os nomes,  à Biblioteca Nacional no Rio, e pedimos um mapa geográfico do Brasil
    Sentados à uma mesa , em local público, íamos escolher o local ideal para uma rápida e imediata instalação de uma guerrilha.
    Não dava nem pra saída instalarmos a guerrilha no Brasil Central, o no Norte. Era muito longe do Rio, longe de casa,  rsrsrs.
    Optamos pelo Estado do Rio, mais precisamente as montanhas que cercam o município de Campos dos Goytacazes, no Norte do Estado.
    Pelo mapa, as montanhas eram altas e impenetráveis, e abaixo delas haviam canaviais: agricultura açucareira.
    Seria muito simples: nos instalaríamos nas montanhas e durante o dia desceríamos, incendiaríamos os canaviais e , conscientizaríamos os camponeses e nos refugiaríamos de volta às montanhas.
    Não podia dar errado. E aí, ao saber da guerrilha  o povo se levantaria conosco contra o Golpe Militar.

    Curtíssimo sonho. A guerrilha acabou na segunda reunião marcada para a Biblioteca Nacional, quando metade dos companheiros não compareceu,  então  marcamos uma outra e ninguém mais apareceu. Rsrsrs

    Fomos derrotados pela indolência brasileira.

    Hoje, quando passo de carro pelo Norte Fluminense e vejo aqueles morretes ( não mais que 800m de altura,) pelados, com pouca mata e de fácil cerco e controle, imagino como éramos ingênuos, voluntariosos.
     Mas mesmo assim não nos podem negar o patriotismo e o amor pela democracia e pela liberdade.
     
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