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Invocando ninguém menos que Machado de Assis, o derrotado Zé Chirico acaba de sacudir a blogosfera higiênica com o lançamento de sua página pessoal, batizada com o originalíssimo nome de “José Serra”.
A postagem inaugural do diário eletrônico do tucano já prenuncia sua natureza libidinosa: “Minha primeira vez”. No texto, Chirico adverte que “não sou Valéry” (NR: Paul Valéry) e “não sou Machado de Assis, tampouco Drummond” (se ele não avisa, certamente haveria a maior confusão no mundo das belas-letras).
Chirico pinçou trecho do conto “O Cônego ou Metafísica do Estilo” para antecipar seu “estilo” e dar azo à sua lascívia literária:
Sim, meu senhor, os adjetivos nascem de um lado [do cérebro], e os substantivos de outro, e toda a sorte de vocábulos está assim dividida por motivo da diferença sexual…
— Sexual?
Sim, minha senhora, sexual. As palavras têm sexo. Estou acabando a minha grande memória psico-léxico-lógica, em que exponho e demonstro esta descoberta. Palavra tem sexo.
— Mas, então, amam-se umas às outras?
Amam-se umas às outras. E casam-se. O casamento delas é o que chamamos estilo.
Em seguida, o tucano tasca: “Passamos boa parte da nossa vida buscando um estilo para nós, tentando ser reconhecidos por alguma marca, algum traço particular, que seja só nosso e que, ao mesmo tempo, interesse às pessoas”.
Por falar em “marca” e traço particular”, não há fotos no blog do Chirico, o que torna impossível constatar as cicatrizes deixadas na testa do pobre diabo por ocasião do insidioso atentado sofrido recentemente por ele com um artefato de papel.
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