Laura Greenhalgh, editora executiva do caderno Sabático, do Estadão, fez uma ótima entrevista com Zigmunt Bauman na edição deste sábado.Muitos cientistas sociais torcem o nariz quando ouvem falar do sociólogo polonês radicado há décadas na Inglaterra. Dizem que ele é superficial, que suas teses valem para a Europa mas não para o mundo, que atira para todos os lados e que abusa de metáforas de fácil apelo popular mas baixa densidade analítica. Esnobam o autor de Modernidade Líquida, empurrando-o para aquela vala comum do que julgam ser a "pós-modernidade", conceito que ele não aceita.Não faço parte dessa corrente. E continuo aprendendo muito com os livros de Bauman, que me mostram um modo de pensar o mundo atual sem modelos pré-concebidos e com espírito aberto. Além do mais, há sacadas geniais neles, metáforas reveladoras de coisas nem sempre percebidas. Há falhas, limites, imperfeições? Ora, falemos sério: em quem não há?A entrevista foi feita por email. É extensa, minuciosa, criativa. Mostra um Bauman otimista, interessado em descobrir novos caminhos para que a humanidade siga em frente. É também um Bauman que bebe em muitas fontes, distante de qualquer ortodoxia.Logo no primeiro parágrafo, ele se vale (sem dizê-lo explicitamente) de uma ideia que se tornou famosa graças aos textos de Antonio Gramsci: a crise nada mais seria do que um momento em que aquilo que está "velho" já não governa e em que o "novo" ainda não tem forças para fazê-lo. Bauman escreve: "Nós nos encontramos num momento de "interregno": velhas maneiras de fazer as coisas não funcionam mais, modos de vida aprendidos e herdados já não são adequados à conditio humana do presente, mas também novas maneiras de lidar com os desafios da contemporaneidade ainda não foram inventados, tampouco adotados".A entrevista pode ser lida nesse link.
Bauman e a mudança como nossa única permanência
Posted on sábado, 30 de abril de 2011 by Editor in