MENINOS, EU VI: O TERROR E A MATANÇA. TRAGO A IRA COMO PERDÃO

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  • quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
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  • “Jurei na minha ira, que não entrariam em meu repouso”. Sl. 95.11

    Ontem à noite, no tuiter, dois seguidores me tiraram do sério.
    Estava eu assistindo "Al Jazeera" e vendo os jovens que o tirano Kadafi está matando no seu apego desesperado ao Poder material.
    Fui remetido aos meus amigos: André Grabois, Montenegro, Valter, Líbero, e muitos outros aos quais mais  uma vez aqui rendo homenagem à memória deles.
    Fiquei pensando nos velhos como Castello, Costa e Silva, Médici – o mais cruel – que levaram centenas de jovens brasileiros à morte, assassinados apenas para que estes senhores , que deveriam ser bondosos e estarem cuidando de seus netos, se mantivessem no Poder material.
    E pensei em todos os ditadores velhos, vivos ou mortos, ou mortos-vivos,caindo de podre, que sempre assassinaram os jovens.
    Sobretudo: os jovens.
    Penso que os  velhos ditadores matam os jovens por inveja do vigor da juventude.
    Grabois, Valter, Montenegro, e tantos outros não puderam viver o que vivi até hoje. Tiveram a vida encurtada na luta pela liberdade e  pelo socialismo.
    Pela fraternidade e igualdade entre os humanos.
    Tenho nostalgia deles. Quisera que  estivessem vivos como estou, para ver o Brasil de hoje.
    Pensei também em como os capitalistas e os imperialistas, há séculos,  fazem guerras matando milhares de jovens apenas para que tenham poder, pelo petróleo;pela venda de armas; pelo titânio; pela ganância das grandes empresas.
    Pensei no cinismo dos sistemas: EEUU e Inglaterra que mataram e matam milhares de vietnamitas, panamenhos, nicaragüenses, iraquianos e afegãos e agora estão preocupados com a matança na Líbia.
    Postei então dois tuiters: um sobre os ditadores que sabidamente são responsáveis pela matança de jovens, e outro sobre o cinismo capitalista. Este era o foco: os jovens mortos e a matança capitalista.
    Mas sem seguir  o foco da discussão, afoitos na sua juventude  em colocar suas questões, dois seguidores pegaram carona numa questão profundamente sensível e de cunho  imediato para levar a sardinha  para a sua brasa: um lembrando de Fidel e Raul – que não citei por falta de espaço dos 140 caracteres,  e porque não promovem matança de jovens; outro insinuando o “cinismo dos socialistas” que apóiam os regimes ditatoriais. 
    Das duas uma: ou não são capazes de concentração e de atenção ao foco da discussão, ou como detectou meu feeling, uma provocação de direita, que talvez nem eles mesmos percebam por leviandade que se  aninha sorrateira sob o verniz de imparciais democratas.
    Das duas haveria uma terceira hipótese? Não pude perceber.
    Um deles citou palavras minhas sobre a presença da CIA nestes movimentos árabes (E não tenho dúvidas de que a CIA está lá para mover as pedras em direção aos EEUU e seus interesses.) para insinuar que eu defendia Kadafi porque ele poderia estar sendo vitima de manobras da CIA, e assim confirmar o "cinismo socialista".
    Estratagema que Schopenhauer trata muito bem em sua obra : “A Arte de Ter Razão”.
    Leviandade. Manobra de distração, para usar um termo militar.
    Não sou cínico. Sou hipócrita. É minha profissão.
    Mas não cínico.
    Postei abaixo, neste blog,  um artigo contra todos os ditadores.
    Afirmei e afirmo que não há desculpas para tirania e tiranos existirem.
    Afirmei e reafirmo que a democracia é um bem universal.
    Portanto, é leviandade levarem para este caminho a discussão e a provocação, que aceitei de bom grado, porque se sou bem humorado, por outro lado adoro uma boa briga.
    Mas eles se aproveitaram desta postagem  para atacar os socialistas e o socialismo.
    E quem, como eu, dediquei minha vida, minha carreira, meus amores, meu dinheiro, minha saúde na defesa destes ideais, não pode aceitar que isto passe em branco, porque os dois não são desconhecidos  trolls que entraram para a pura provocação , mas sim seguidores constantes dos nossos debates e a quem eu muito prezo, e havia aprendido a respeitar e estimar.
    Senti-me traído e julgado de má fé. Bem como todos os companheiros que me antecederam, e viveram e morreram, nesta profissão de fé de pura e ingênua doação que foi e é a defesa de um mundo melhor.
    Daí minha indignação e o viés da ira.
    Peço aos amigos que façam uma reflexão, e volto agora ao meu sossego , porque “jurei na  minha ira que não entrarão em meu repouso.”

    Para evitar maiores constrangimentos não menciono o nick dos dois. E peço desculpas a vocês por artigo tão longo e pelo mal estar que a discussão possa ter provocado. Nesta 5ª feira estarei viajando, não haverá mais posts do que este.
    Voltarei à normalidade do blog a partir de domingo.
    Abraços.



     
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