FALSOS MORALISTAS TAMBÉM GOSTAM DE GORDAS PENSÕES!

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  • sábado, 19 de fevereiro de 2011
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  •      A coisa não é de agora: desde há muito, ex-governadores gozam de gordas aposentadorias após apenas quatro anos de trabalho. A contrário de quaisquer outros mortais que precisam trabalhar 35 anos para obter aposentadorias na grande maioria mixurucas, os bravos ex-líderes dos executivos estaduais de diversos estados gozam de gordas prebendas pagas pelos contribuintes! Alguns, inclusive, foram meros substitutos, tendo governado por poucos meses. Mas as pensões, estas vieram inteiras, como se todo o mandato tivessem cumprido.
         Agora, a OAB (aliás, tardiamente, logo ela, espertíssima em denunciar o Governo Lula sempre que podia!), resolveu encarar a pouca-vergonha, suscitando questões e histórias interessantes.
         Vejam o caso do franciscano Pedro Simon, falso moralista implacável, cuja única função no Senado foi a de destruir biografias, que não havia requerido a famosa pensão, mas correu a fazê-lo em novembro de 2010, quando começou a ser levantada a ilegalidade de tais pensões. Correu para consumar o fato porque tinha medo de que não mais pudesse requerer depois.
         Havendo ingressado na Ordem Franciscana Secular (OFS), fez voto de pobreza (veja aqui) mas, cansado de uma vida de privações (recebe apenas R$ 26,7 mil no Senado!), resolveu correr para garantir o futuro. São Francisco que lhe desse um desconto!
         Mas, acossado pela opinião pública, desistiu da bandalheira no dia em que a OAB entrou no STF contra as pensões (veja aqui). E dizer que os gaúchos há anos votam no velho demagogo!
         Aliás, o fato evoca uma historinha antiga que raríssimas pessoas conhecem, envolvendo outro famoso moralista de cuecas gaúcho: o ex-governador Jair Soares.
         Estando há anos no ostracismo resolveu, num lance demagógico, que "iria recomeçar a carreira política do zero", concorrendo a Vereador em Porto Alegre. Eleito, apresentou-se na Procuradoria da Câmara Municipal dizendo, para o assombro de todos,  que não desejava receber os salários de vereador. Informado que isto não seria possível, porque o pagamento dos subsídios é decorrência automática do exercício da vereança e pode envolver direitos civis de terceiros como, por exemplo, familiares que necessitem de pensão alimentícia, Jair passou certo tempo insistindo no assunto.
         Quando sugerido, ingenuamente, por um procurador tocado por tamanho desprendimento, que doasse os valores a alguma instituição de caridade, Jair finalmente sacou a lei que criou  a pensão para ex-governadores no Rio Grande do Sul e mostrou um artigo que dizia que se o pensionista assumisse novo cargo eletivo, perderia a moleza. Como o valor da pensão equivale ao salário de desembargador, era óbvio que não interessava ao nosso probo homem trocar todo este cascalho por um salário xinfrim de vereador. 
         Mas a coisa mais engraçada ainda estava para acontecer: estudando mais a lei da pensão gaúcha, o procurador descobriu que o dispositivo que amedrontava o doutor Jair havia sido... revogado! Ao ser informado da boa nova, este, refeito do "baita" susto, nunca mais tocou no assunto. E tratou de aproveitar a grana. Gente fina é outra coisa!
         Lamentavelmente, o Brasil ainda vai demorar para se livrar da praga patrimonialista inaugurada pela fundação do Brasil monárquico. Desde então, misturar o público e o privado passou a ser considerado normal em Pindorama. E tem gente que ainda defende a monarquia!
         Esclareça-se, a bem da verdade, que todos os ex-governadores do RS vivos (incluindo a tia Yeda, que fez corpo mole para a assinar um convênio de R$ 48 milhões para a construção de presídios porque quem aplicaria a verba seria Tarso, mas que foi rápida para requerer a pensão) e mais três viúvas recebem a "mesadinha" de mais de 24 contos mensais!
     
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