Capítulo 03 da novela “A COMICHÃO DA VERDADE”
“A verdade se não exposta, provoca terrível comichão.”
Psicografado pelo médium Benevindo Seregueira, numa mesa branca da Gelli, a partir do espírito de Porco.
Naquele dia 1º de abril de 2014, justamente há 50 anos do golpe militar que varejou o país (encheu de moscas varejeiras) , enquanto Policarlos Beleza enfrentava uma legião de obSsessores e o General Catapum ainda chorava o roubo do seu pijama, o jovem Índio da Frente, conhecido como Varandão da Rocinha, sentia a terrível Comichão aproximando-se.
Ele, o jovem menino, líder nato dos amiguinhos do play, sequer era nascido quando os fatos sucederam.
Mas, por uma destas ironias do destino, por karma adquirido em encarnação anterior, quando havia sido um belo bispo comido pelos índios, gostara do fato E reencarnara como Índio, pra ver se desta vez no lugar do papa anjo , podia ser ele o papa padres.
Mas karma nunca é como se deseja.
Pagou o seu, no dia do aniversário comendo a hóstia branca de Policarlos Beleza, tomado por obssessão infernal de um cruzamento de Maria Sete Giletes com o Índio bisavô de Jerônimo, o herói do sertão.
Agora a Comichão o pegara dejeto, digo, de jeito.
Estava sendo chamado em Brasília para explicar o que fazia um Índio em outubro, quando nem era carnaval.
A Comichão começara na madrugada que dera a vitória eleitoral à “Mãe do Chuck”, “Tia do Fofão”, a “Garota do Exorcista”, como ele gostava de chamá-la carinhosamente.
Em novembro, a Comichão era leve, algo discreto, nada que não pudesse ser sanado com um pequeno ajeitar de calça, enquanto o dedo escorregava discreto entre o rego indígena.
Mas em dezembro, com o aproximar-se das festas e dos fogos de Copacabana a Comichão apertara. O discreto dedo já fuçava com força, fé e vontade as partes pudendas e ocultas do fiofó tribal.
Em janeiro a Comichão o chamara aos fatos. Já o dedo que apontava não bastava.
Num movimento sincronizado, esfregava com força o toba contra os batentes de porta, corrimões de escadas, quinas de camas, e portas de geladeiras.
Procurara o Pajé Policarlos Beleza, que lhe disse, relembrando Gonzagão:
- “Pra tal doença não existe um só remédio em toda a medicina."
Pomadas, cremes, rezas e chucas..... nada adiantava.
No auge do desespero comichonado tomou de seu apito – todo indo tem um – e o enfiou Comichão à dentro, deflorando-se num gesto tresloucado.
Agora, sentado ao lado do General e do Pajé-Guru, estava mais tranqüilo. O apito, de proporções gigantescas alargava os anais de seus horizontes e ele podia esperar sossegado a hora de ser interrogado.
O desagradável eram os gases. Antes silenciosos, agora ecoavam pela arquitetura de Niemeyer num apitar escandaloso cada vez que vinham à luz.
De toda forma apitar pelo moitão era melhor que enfrentar a Comichão.
Amanhã “ADIVINHEM QUEM DESCEU NA MESA BRANCA?”, mais um emocionante capítulo de “A COMICHÃO DA VERDADE”: