Um ano para Nabuco

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  • terça-feira, 14 de dezembro de 2010
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  • Foi um centenário para não se botar defeito. 2010 reservou atenção especial a Joaquim Nabuco (1849-1910), um dos principais pensadores do Brasil profundo e formulador sofisticado de uma importante vertente de explicação da história do país.

    Certamente por ter pesquisado bastante o pensamento político de Nabuco, em torno do qual fiz meu doutoramento em 1983, e beneficiado pelo lançamento da segunda edição do livro que dediquei a ele (O encontro de Nabuco com a política. As desventuras do liberalismo. Paz e Terra), pude participar de diversas comemorações. Fui a muitos seminários, congressos e lançamentos. Re-visitei o autor com que convivo há tanto tempo e consolidei algumas das minhas teses sobre ele. Reformulei algumas outras também, felizmente.

    Nabuco ocupou grande espaço na imprensa escrita, foi objeto de várias reportagens televisivas, de documentários e de muitas publicações. No dia 5 de dezembro, Ângela Alonso fez uma ótima retrospectiva da movimentação editorial que o acompanhou. Está na Ilustríssima, da Folha de S. Paulo. A constatação de Ângela é inquestionável: a presença do pensamento de Nabuco "transcende o teor protocolar da efeméride e se impõe como chave de interpretação do Brasil do século 21". Muito bom o balanço.

    Também vale a pena ler o dossiê por ela organizado para a revista Novos Estudos, do Cebrap, que pode ser acessado aqui, e do qual participei com um texto que passarei a disponibilizar  nesse blog, na seção de artigos e ensaios.

    Dos diversos comentários que foram feitos ao meu livro, destaco a excelente resenha crítica elaborada por Bernardo Ricupero na Revista Brasileira de Ciências Sociais, da ANPOCS. (Leiam aqui.) Dialogando de forma fina com o argumento básico do livro -- Nabuco teria estado na "vanguarda da revolução burguesa" que se ensaiava no Brasil do final do século XIX --, Bernardo fornece um rigoroso panorama da pesquisa empreendida. Apesar disso, não se furta a observar que o livro "também tem suas oscilações". Apesar de lidar com maestria com os diferentes Nabucos, mostrando a unidade básica subjacente a seu pensamento e a sua atuação, o livro "não deixa de ter seu Nabuco preferido: o de Nogueira é especialmente o Nabuco da campanha abolicionista". O que não é, na sua visão, propriamente um defeito, já que o autor de O abolicionismo "foi, como poucos, capaz de perceber os traços constitutivos de um país como o Brasil. País alicerçado na escravidão, instituição cuja influência continua a se fazer sentir nos dias que correm, principalmente na dificuldade de se implantar plenamente a cidadania entre nós. Este é, não por acaso, o principal motivo para que Nabuco continue a nos interpelar".

    Uma bela resenha, dessas que fazem a gente se convencer de que valeu a pena reeditar o livro. 
     
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