O CIRCO LIVRE DA BAHIA - VI - O ANÃO

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  • domingo, 5 de dezembro de 2010
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  • Falemos hoje do sr. João. o Palhaço Tampinha, do nosso Circo.
    Os anões em circos não têm direito a falas, nem a números.
    São usados como auxiliares para limpeza do palco após os números, ou para a preparação do palco para os próximos números.
    Apanham sempre, e jamais batem.
    Tanmpinha veio com o Transneves Circo, e ficou no novo Circo. Trouxe com ele uma cadelinha amestrada.
    Seu ganha pão. Chiquita, era o nome da estrelinha canina que passava o dia amarrada a uma estaca, rodando em torno do seu próprio eixo.
    Um animal triste e neurotizado.
    Mas quando entrava no picadeiro era a alegria da garotada, mesmo que para o anão, seu dono, fosse o descarrego de todos os seus complexos e das crueldades que o mundo fazia com ele: "Tamborete de Puta"era o mínimo que lhe gritavam os espectadores quando o sr. João se apresentava.
    Tentei de todas as formas vencer este preconceito e esta forma circense.
    Impossível: nem o público, nem os circenses aceitavam qualquer mudança no status do anão.
    Às vezes saíamos juntos ä rua para compras. Eu com 1,80m e ele com 1,20m. O povo gritavaã passagem: "Tarzanm e a Chita".
    Era muito constrangedor.
    Uma madrugada o anão nos acordou para dizer que ia matar um no Circo. Porque havia arranjado uma mulher e todos os colegas fizeram fila do lado de fora da sua barraca para ver através de um buraco na lona o anão transando.
    Quando desfizemos do Circo"seu"Joãozinho foi para Goiania, e por muitos anos trabalhou na TV Anhanguera, numa matinal infantil daquela Emissora.
    Há anos não tenho noticias deste "gigante" popular.
    Amanhã falaremos da contorcionista.
    O Palhaço Tampinha e a cadelinha Chiquita.
     
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