Os anões em circos não têm direito a falas, nem a números.
São usados como auxiliares para limpeza do palco após os números, ou para a preparação do palco para os próximos números.
Apanham sempre, e jamais batem.
Tanmpinha veio com o Transneves Circo, e ficou no novo Circo. Trouxe com ele uma cadelinha amestrada.
Seu ganha pão. Chiquita, era o nome da estrelinha canina que passava o dia amarrada a uma estaca, rodando em torno do seu próprio eixo.
Um animal triste e neurotizado.
Mas quando entrava no picadeiro era a alegria da garotada, mesmo que para o anão, seu dono, fosse o descarrego de todos os seus complexos e das crueldades que o mundo fazia com ele: "Tamborete de Puta"era o mínimo que lhe gritavam os espectadores quando o sr. João se apresentava.
Tentei de todas as formas vencer este preconceito e esta forma circense.
Impossível: nem o público, nem os circenses aceitavam qualquer mudança no status do anão.
Às vezes saíamos juntos ä rua para compras. Eu com 1,80m e ele com 1,20m. O povo gritavaã passagem: "Tarzanm e a Chita".
Era muito constrangedor.
Uma madrugada o anão nos acordou para dizer que ia matar um no Circo. Porque havia arranjado uma mulher e todos os colegas fizeram fila do lado de fora da sua barraca para ver através de um buraco na lona o anão transando.
Quando desfizemos do Circo"seu"Joãozinho foi para Goiania, e por muitos anos trabalhou na TV Anhanguera, numa matinal infantil daquela Emissora.
Há anos não tenho noticias deste "gigante" popular.
Amanhã falaremos da contorcionista.
O Palhaço Tampinha e a cadelinha Chiquita.