VÁ TOMAR BANHO, MONSIEUR TOURAINE

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  • segunda-feira, 15 de novembro de 2010
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  • .A formidável ducha da suíte Collection ainda não viu sinal de água desde que o festejado sociólogo francês Alain Touraine abancou seu derrière no suntuoso Hotel Tivoli Mofarrej, em São Paulo (é que o octagenário intelectual europeu – amiguinho do peito de FHC – é tradicionalmente desafeito aos rituais primitivos de asseio que nós, selvagens dos tristes trópicos, herdamos de nossos aborígenes). Em compensação, o jornalão carioca O Globo não se fez de rogado e abriu seu conhecido escoadouro. 
    Vertendo ressentimento e dor-de-cotovelo pela monumental derrota sofrida nas urnas, a gazeta da Famiglia Marinho postou-se no luxuoso albergue em que está hospedado o diretor da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris e arrancou do decrépito formulador da "sociedade pós-industrial" esta perfumadíssima e enriquecedora entrevista.


    "Perigo de retrocesso no Brasil existe, diz Alain Touraine"


    O GLOBO: Como o senhor vê as transformações da sociedade brasileira nos últimos 16 anos? Como avalia a vitória de Dilma Rousseff?


    ALAIN TOURAINE: Uma coisa é clara. O Brasil tem um sistema político horrível, corrupto. Fernando Henrique Cardoso, em seus oito anos de governo, construiu as instituições. Fez uma transição perfeita para entregar a Presidência a seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Lula, por sua vez, realizou transformações sociais, tirando dezenas de milhões de brasileiros da miséria e da exclusão. Graças aos dois, em igual importância, o Brasil tem os elementos básicos para desenvolver um novo tipo de sociedade. Mas não sou necessariamente otimista. Não sabemos o que acontecerá daqui para a frente. A nova presidente (Dilma) foi inventada por Lula.
    O Brasil tem um longo passado de populismo e a ameaça persiste devido ao nível de desigualdade social extremamente elevado. Após 16 anos dos governos FHC e Lula, é impossível questionar o potencial do Brasil. Mas o perigo de um retrocesso existe, até porque o passado do PT está longe de ser perfeito. Lula não foi autoritário, mas segmentos do PT o são. A ideia de Dilma esquentar a cadeira por quatro anos para Lula também me desagrada. Em uma democracia, não pode haver presidente interino. A verdade é que não sabemos o que será o governo da nova presidente, porque ela não tem experiência política. Mas eu acredito que o Brasil tem tudo para ser o lugar em que uma nova sociedade surgirá. Não vejo muitos outros países no mundo que tenham chances tão boas quanto o Brasil.


    José Serra, candidato derrotado do PSDB, deu a entender que fará com seu partido uma oposição mais dura ao governo Dilma, diferente da postura de seu partido frente a Lula. Como o senhor vê a polarização entre os dois maiores partidos brasileiros?


    TOURAINE: Neste momento, Dilma é Lula. Ninguém sabe nada sobre ela. Ela pode ter tendências populistas ou fazer um fantástico governo, não sabemos. O fato é que, depois de Lula, era impossível para José Serra vencer. Ele é extremamente competente, honesto e sério. Na oposição, é um ativo valioso para o Brasil frente aos riscos de irresponsabilidade e populismo.


    Se quiser correr o risco de ler a íntegra da “matéria”, tape o nariz e clique aqui.
     
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