Laerte Braga
Um dos comentários de desvairados “observadores” e “analistas” da REDE GLOBO, a principal rede de tevê do Brasil, tangenciou para além da dor de cotovelo, a linha fronteiriça entre a razão e a loucura.
O dito “comentarista” falou em “ditadura nos moldes da China”.
Num clima de velório com a derrota de José FHC Serra o principal veículo da mídia privada no Pais, tanto em seu canal aberto, como no canal fechado GLOBONEWS, mostrou o desconforto de jornalistas e “analistas” preocupados em falsear a verdade, cobrindo com o chantili do espetáculo com o aparato tecnológico para diminuir o impacto das besteiras ditas.
O importante não são nem os números, nem os resultados, mas todo aquele show tipo águas dançantes que aparece na telinha para embevecer o telespectador e achar que William Waack quer alguma coisa diferente das políticas colonizadoras de grupos internacionais. Ou faz idéia do que seja de fato liberdade de expressão.
Deve pensar que é montagem a la Ali Kamel/William Bonner para bolinha de papel virar rolo de fita adesiva e terminar em tomografia.
É a síntese do estado de espírito da mídia privada no Brasil. Não houve uma única discussão séria, só o chororô e o trololó serrista derrotados nas urnas com uma diferença de 13,06%.
É difícil entender e explicar como essa mídia sobrevive nesse nível de mediocridade.
O lance – GLOBONEWS – de um carro entrando na garagem da presidente eleita do Brasil e depois saindo para uma pequena manobra é antológico, entra para o festival de besteiras dessa mídia.
“Entrou para pegar a Dilma. Ah! Está saindo. Ah! é uma simples manobra”.
À falta do que falar, por faltar a capacidade de pensar, dá no que dá.
Parece “compromisso de alto nível” do patético senador mineiro Itamar Franco. Toda vez que faz um acordo político implicando em futuras nomeações de seus parceiros, pouco mais de meia dúzia, o ex-presidente usa a expressão “compromisso de alto nível”. Vai daí que quando perde a turma fica desempregada e as vantagens vão para o espaço.
O que ele fez certa feita com o senador Albano Franco no Senado é o exemplo pronto e acabado de política rastaqüera. Albano nomearia companheiros de Itamar para seu gabinete – eram senadores os dois – e Itamar os de companheiros de Albano, assim o fisiologismo não daria na pinta. Albano nomeou e Itamar não, furou na hora agá. Mas quase acabou prefeito de Aracaju passando por Niterói.
Para compensar nomeou Léa Franco, mulher de Albano para um ministério em seu governo.
Há quem diga que já esteja usando babador.
São vários os aspectos a serem considerados neste momento imediatamente após a eleição de Dilma. O primeiro deles é que tucanos tinham a certeza que perderiam. FHC no sábado declarou que “fiz tudo o que Serra pediu”. Foi a confissão não só da derrota, como o lamento de quem se acha criador do céu e da terra e quis deixar implícito que poderia ter feito mais e aí, quem sabe (só na cabeça dele) mudar o resultado.
Trabalha com ficção política.
Um dado que escapou à maioria dos jornalistas e deve ser observado nas próximas eleições pelo tucanato. Quando forem tomar aulas de princípios religiosos e fé devem arranjar professores competentes. D. Luís Gonzaga Bergonzini, OPUS DEI, esqueceu de dizer ao ateu José FHC Serra que quando se pega a imagem de Nossa Senhora o beijo é aos pés da imagem e não na boca. O JORNAL NACIONAL de sábado, em plena decadência desde a montagem do rolo de fita adesiva, deixou escapar essa falha.
D. Bergonzini entende de “negócios”, conspiração, panfletos falsos, essas coisas assim, de fé católica não sabe nada.
O senador eleito Aécio Neves leva para casa uma lição. Havia dito no auge de sua revolta contra os expedientes usados por José FHC Serra para afastá-lo da disputa presidencial dentro do seu partido, que o “primeiro compromisso é com Minas e os mineiros”.
Saiu Minas afora e ainda apareceu no Rio, onde reside, tentando arrastar José FHC Serra. O resultado das eleições no seu estado mostrou que os mineiros não lhe deram um cheque em branco. Foi o contrário. A derrota de José FHC Serra em Minas foi acachapante considerando que Aécio entende que o estado é uma espécie de latifúndio.
Numa dessas rodas de apostas comuns em quase todas as cidades brasileiras é difícil quem queira apostar num futuro político para Marina da Silva. O máximo que concedem é aceitar a eleição para vereadora em Rio Branco, Acre. Embrulhada num papel verde de vários matizes, a moça termina a eleição como a grande derrotada do segundo turno.
Não influenciou coisa alguma, ficou em cima do muro, tentou colocar-se na posição de vestal e termina solitária num canto sem bem saber o que fazer.
A banda podre de seu partido foi para José FHC Serra e outra banda para Dilma. Pelo que tem dito Marina imagina que vá descer dos céus cercada de anjos do GREENPACE e ONGs que financiaram sua campanha para evitar a catástrofe.
Qual não sei. Deve ser a própria.
O futuro de José FHC Serra? O tucano não deve correr o risco de vir a ser candidato a prefeito de São Paulo sabendo que, outra vez, não vai terminar o mandato. A despeito de ser um Jânio abstêmio não pensa em pendurar as chuteiras e sonha ser candidato em 2014. Se não abre a Copa do Mundo vai tentar ser o presidente das Olimpíadas.
Em todo caso vai poder assistir aos jogos do Palmeiras nas últimas rodadas do campeonato brasileiro em paz e sossegado.
É muito difícil ressurgir entre os mortos políticos. Sai dessa eleição com a imagem de cínico, de político mentiroso, capaz de qualquer coisa para se eleger. E essas características não são novidade. Mas são comuns agora a boa parte dos brasileiros.
Pior é Índio da Costa, o vice. Sem mandato, vai ter que dar outro golpe do baú para segurar até as próximas eleições. Esse com certeza vai tentar ser candidato a vereador na cidade do Rio de Janeiro sonhando vir a ser o próximo governador do estado.
Dilma Roussef pega uma parada duríssima. A oposição vai querer de todas as formas possíveis, com a cumplicidade da tal mídia privada, criar um clima golpista no País. E acentuar cada vez mais a divisão entre o Brasil dos chamados ricos e o Brasil dos chamados pobres. Provocar o confronto pela via do preconceito, como historicamente tem sido feito.
De uma mudança ficamos livres. O nome do País continuará a ser grafado com “s” e não com “z” – BRAZIL –, o sonho dourado dos defensores da PETROBRAX, idéia de FHC para privatizar a empresa petrolífera.
Outras mudanças, no entanto, precisam ser feitas. E não é necessariamente cassar o mandato de Tiririca. Pior que Tiririca, se é que Tiririca é pior, é Weslian Roriz. Dose de leão varrida do mapa pelo eleitor de Brasília.
A turma do “compromisso de alto nível” de Itamar Franco vai ter que se contentar com vagas no governo de Antônio Anastasia, o fantoche de Aécio. E olhe lá.