Quando estourou o escândalo do Mensalão, em 2005, muitos me perguntaram como eu continuava votando do PT e, ainda por cima, filiado ao PT. O que respondia à época ainda vale hoje: é que há uma grande diferença entre o PT e, por exemplo, o extinto PFL. Quando os partidários do PFL eram surpreendidos em alguma falcatrua, quem protestava eram os petistas; mas quando os partidários do PT eram surpreendidos em alguma falcatrua, não eram os pefelistas que protestavam, mas, estranhamente, os próprios petistas. Todos ainda se lembram dos petistas nas ruas, indignados por aquilo que banda podre tinha feito do partido e de sua história. Em outros termos, permaneci e permaneço no PT porque, estando sujeito à corrupção, ele continua possuindo uma reserva moral. Patrus representa e personifica essa reserva moral em Minas Gerais.
Em 1986, conheci Patrus da forma mais impactante possível: ele foi meu primeiro professor de Direito no curso da PUC Minas. Nunca me esqueci de tudo o que ele me ensinou, de tudo que ele me sugeriu que lesse, e que foi essencial para minha formação: Cervantes, Guimarães Rosa, Thoureau... Esse homem ajudou a cunhar meus ideais. O seu exemplo de companheirismo, de dedicação aos alunos e de preparada abertura ao diálogo me cativaram, e acabaram por levar-me a filiar-me ao partido em 1989.
Nesse mesmo ano, participei de várias reuniões realizadas na sua casa, quando ainda residia no Bairro Coração Eucarístico, para discutir sua candidatura à Câmara Municipal. Até hoje me lembro de Patrus passando de sala em sala na PUC Minas e distribuindo seu jornal de campanha. Não um santinho, do tipo “Vote em mim, que eu sou legal”, mas um jornal, com propostas concretas para a cidade. Marcou-me tanto, que até hoje me lembro que a marca visual da campanha era o Viaduto Santa Tereza, e o lema era uma frase da música Gente, de Caetano Veloso: “Gente é prá brilhar, não para morrer de fome” (o Candidato a Vereador Patrus já prenunciava o Ministro Patrus). Uma vez eleito, Patrus mostrou ao que veio, e passou a ser reconhecido para além dos movimentos sociais com que tanto se envolveu. Como relator da Lei Orgânica do Município, Patrus construiu o arcabouço jurídico de uma gestão democrática da cidade, como nunca antes existira no Brasil, e comprovou ser um jurista com uma formação tão sólida que o habilita, até, a um assento no Supremo Tribunal Federal.
Depois, em 1992, veio a campanha para a prefeitura (que utilizou como jingle uma música do Skank “Estou injuriado”, e que, mais uma vez, explorou o viaduto amado por Drumond e por Sabino. Nunca me esqueci). Eleito, Patrus governou para todos: Ensinou na barragem de Santa Lúcia que a zona sul pode conviver com a favela.
Recuperou os campos de futebol de várzea, provando que o Estado pode garantir lazer a todos. Criou, juntamente com Regina Nabuco, o restaurante popular (mais uma vez o combate à fome). Implementou o orçamento participativo. Deu uma nova cara à BHTrans (em uma época em que, ao invés de ser um instrumento de arrecadação, a BHtrans efetivamente contribuía para a qualidade de vida na cidade, mostrando a todos que não era preciso gastar fortunas em viadutos para se resolver o problema do trânsito). Tornou BH a capital cultural do Brasil, com o FIT.
Depois, em 2003, veio o Ministério do Desenvolvimento Social e do Combate à Fome. Mais uma vez, Patrus deu uma lição de eficiência e de ética. Quem dizia que política não rima com dignidade humana mostrou-se equivocado. O Programa Bolsa Família e o Fome Zero mostraram a todos (brasileiros e governos estrangeiros) como um governo democrático pode mudar a cara do Brasil, e colocá-lo na rota ao encontro do Primeiro Mundo sem abrir mão dos valores da dignidade humana e da igualdade. Sua Pasta, salvo engano, foi uma das poucas em que, em oito anos, não houve um escândalo de corrupção... Patrus merece por sua atuação o prêmio Nobel da Paz.
É por tudo isso que votei e voto em Patrus. Ele representa os ideais democráticos daqueles que fundaram o PT. Vou continuar no PT, porque aprendi com Patrus que política não deve ser feita na base de conchavos, mas com base em princípios e propostas. Obrigado, companheiro Patrus. A luta continua...
*Marcelo Galuppo é Doutor em Direito pela UFMG e professor da PUC Minas.
Fonte: Blog do Marcelo Galuppo
Em 1986, conheci Patrus da forma mais impactante possível: ele foi meu primeiro professor de Direito no curso da PUC Minas. Nunca me esqueci de tudo o que ele me ensinou, de tudo que ele me sugeriu que lesse, e que foi essencial para minha formação: Cervantes, Guimarães Rosa, Thoureau... Esse homem ajudou a cunhar meus ideais. O seu exemplo de companheirismo, de dedicação aos alunos e de preparada abertura ao diálogo me cativaram, e acabaram por levar-me a filiar-me ao partido em 1989.
Nesse mesmo ano, participei de várias reuniões realizadas na sua casa, quando ainda residia no Bairro Coração Eucarístico, para discutir sua candidatura à Câmara Municipal. Até hoje me lembro de Patrus passando de sala em sala na PUC Minas e distribuindo seu jornal de campanha. Não um santinho, do tipo “Vote em mim, que eu sou legal”, mas um jornal, com propostas concretas para a cidade. Marcou-me tanto, que até hoje me lembro que a marca visual da campanha era o Viaduto Santa Tereza, e o lema era uma frase da música Gente, de Caetano Veloso: “Gente é prá brilhar, não para morrer de fome” (o Candidato a Vereador Patrus já prenunciava o Ministro Patrus). Uma vez eleito, Patrus mostrou ao que veio, e passou a ser reconhecido para além dos movimentos sociais com que tanto se envolveu. Como relator da Lei Orgânica do Município, Patrus construiu o arcabouço jurídico de uma gestão democrática da cidade, como nunca antes existira no Brasil, e comprovou ser um jurista com uma formação tão sólida que o habilita, até, a um assento no Supremo Tribunal Federal.
Depois, em 1992, veio a campanha para a prefeitura (que utilizou como jingle uma música do Skank “Estou injuriado”, e que, mais uma vez, explorou o viaduto amado por Drumond e por Sabino. Nunca me esqueci). Eleito, Patrus governou para todos: Ensinou na barragem de Santa Lúcia que a zona sul pode conviver com a favela.
Recuperou os campos de futebol de várzea, provando que o Estado pode garantir lazer a todos. Criou, juntamente com Regina Nabuco, o restaurante popular (mais uma vez o combate à fome). Implementou o orçamento participativo. Deu uma nova cara à BHTrans (em uma época em que, ao invés de ser um instrumento de arrecadação, a BHtrans efetivamente contribuía para a qualidade de vida na cidade, mostrando a todos que não era preciso gastar fortunas em viadutos para se resolver o problema do trânsito). Tornou BH a capital cultural do Brasil, com o FIT.
Depois, em 2003, veio o Ministério do Desenvolvimento Social e do Combate à Fome. Mais uma vez, Patrus deu uma lição de eficiência e de ética. Quem dizia que política não rima com dignidade humana mostrou-se equivocado. O Programa Bolsa Família e o Fome Zero mostraram a todos (brasileiros e governos estrangeiros) como um governo democrático pode mudar a cara do Brasil, e colocá-lo na rota ao encontro do Primeiro Mundo sem abrir mão dos valores da dignidade humana e da igualdade. Sua Pasta, salvo engano, foi uma das poucas em que, em oito anos, não houve um escândalo de corrupção... Patrus merece por sua atuação o prêmio Nobel da Paz.
É por tudo isso que votei e voto em Patrus. Ele representa os ideais democráticos daqueles que fundaram o PT. Vou continuar no PT, porque aprendi com Patrus que política não deve ser feita na base de conchavos, mas com base em princípios e propostas. Obrigado, companheiro Patrus. A luta continua...
*Marcelo Galuppo é Doutor em Direito pela UFMG e professor da PUC Minas.