O liberalismo hoje está na defensiva – ou se proclama agressivamente neoliberal, o que dá no mesmo –, não tanto porque lhe sobram adversários e acusações, mas sim porque lhe faltam proposições à altura dos tempos. Muito diferente, portanto, do liberalismo da época de Joaquim Nabuco, que era esgrimido com a força de uma convicção fundamental.
Essa foi uma das principais conclusões do debate realizado no Instituto Fernando Henrique Cardoso (São Paulo, 29/04/2010) em torno do meu livro O Encontro de Joaquim Nabuco com a Política. Cerca de 100 pessoas acompanharam o evento, que contou com a participação do historiador Ricardo Salles, autor do belo e importante Joaquim Nabuco, um pensador do Império, e foi intermediado por Sérgio Fausto, diretor executivo do IFHC. Gripado, Fernando Henrique não pode comparecer.
Animado pela reconstrução que foi feita da trajetória de Nabuco, com destaque para o modo como ele fez política em sua época e se entregou à causa da abolição, o debate explorou intensamente as características mais marcantes do meu livro, valorizando seu pioneirismo quando da primeira edição (em 1984) e sua capacidade de sobreviver ao tempo. Em minha intervenção inicial, procurei destacar que o interesse por Nabuco cresceu no decorrer das últimas décadas, refletindo tanto o amadurecimento e a ampliação da agenda de pesquisa das ciências sociais brasileiras quanto a própria plasticidade do personagem, que passou a ser valorizado em sua abrangência e na multiplicidade de suas facetas.
Foi um evento dinâmico, simpático e produtivo.
Valeu muito a pena.
Do liberalismo de Nabuco ao liberalismo atual
Posted on segunda-feira, 3 de maio de 2010 by Editor in