O “Big Brother Brasil 10”, exibido pela TV Globo, foi o programa de TV que mais recebeu denúncias de desrespeito aos direitos humanos na campanha "Quem financia a baixaria é contra a cidadania". O programa lidera o 17º Ranking da Baixaria na TV, divulgado hoje em seminário promovido pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.
Entre agosto de 2009 e abril de 2010, a campanha recebeu 227 denúncias fundamentadas contra o reality . As reclamações tratavam de desrespeito à dignidade da pessoa humana, apelo sexual, exposição de pessoas ao ridículo e nudez.
O 2º lugar do ranking, com 105 denúncias, foi o programa “Pegadinhas picantes”, exibido pelo SBT. Em terceiro lugar ficou o “Pânico na TV”, apresentado pela Rede TV. Figuram no quarto e quinto lugar da lista, respectivamente, os programas regionais “Se liga Bocão”, da Record, e “Bronca Pesada”, do SBT.
Os dados foram apresentados pela representante da Executiva da Campanha pela Ética na TV, Cláudia Cardoso. A campanha "Quem financia a baixaria é contra a cidadania" foi lançada em 2002 pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias em parceria com entidades da sociedade civil.
Homofobia e nudez
De acordo com o pesquisador e jornalista Cláudio Ferreira, da TV Câmara, foram registradas diversas reclamações com relação ao Big Brother sobre comportamentos homofóbicos e incitação à violência do participante Marcelo Dourado – que acabou sendo o vencedor da edição.
Para Cláudio Ferreira, a sociedade precisa estar atenta aos reality s. “A televisão, com seus parâmetros comerciais, não vai desistir desse tipo de programa, que custa pouco e rende muito”, afirmou.
Ferreira destacou que, em geral, houve muitas reclamações em relação à exposição exagerada do corpo das pessoas. “Ainda há uma parcela da população que é conservadora em relação a temas relativos a nudez e sexualidade, e a diversidade precisa ser respeitada”, destacou.
A representante da Executiva da Campanha pela Ética na TV Cláudia Cardoso disse que o programa “Pânico na TV”, apesar de figurar em 3º lugar no ranking atual, tem aparecido seguidas vezes na lista dos programas denunciados por desrespeito aos direitos humanos.
“Há desrespeito e tortura. Os trabalhadores são submetidos a situações constrangedoras, como enfiar a cabeça na privada e dar descarga”, afirmou.
Resultados da campanha
Cláudia Cardoso informou que, apesar de ainda haver casos recorrentes, a campanha pela ética na TV já obteve várias conquistas para a sociedade, como mudanças de horários de programas e até cancelamento de contratos de apresentadores. Segundo ela, os pareceres trazem em comum a necessidade de acionar o Ministério Público para a realização de termos de ajustamento de conduta.
Para a representante da campanha, o controle social da mídia também precisa ser transformado em lei. “É um contrassenso que as empresas percam a dimensão do serviço que prestam, principalmente por serem uma concessão pública”, afirmou.
O seminário da Comissão de Direitos Humanos discutiu a diretriz de Comunicação do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), elaborado pelo governo federal. O evento foi proposto pela presidente da comissão, deputada Iriny Lopes (PT-ES), e pelo deputado Pedro Wilson (PT-GO).
FONTE: Agêcia Câmara
DATA: 07/05/2010
Ética na TV